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A minha fala, a sua escuta

    E hoje eu queria o teu aconchego de volta. Correr pra tua casa e dormir nos teus braços. Enxugando  minhas lĂĄgrimas em tuas mĂŁos, colocando minhas mechas de cabelo pra trĂĄs, franzindo a sobrancelha e me olhando com aqueles olhos gigantes e redondos, castanhos escuro quase pretos, fazendo com que eu voltasse a sorrir. Hoje, eu queria te mandar aquela mensagem falando que preciso de vocĂȘ, e vocĂȘ perguntava o que houve e eu te contava toda minha revolta como uma garotinha mimada e chorona. E vocĂȘ ia me apoiar, e me escutar.... Me escutar. Era o que vocĂȘ fazia de melhor nos meus piores, melhores, pequenos e grandes momentos. Eu descamava todo o meu lado podre para vocĂȘ, e vocĂȘ me escutava. Minha voz nunca soou tĂŁo importante como soava em teus ouvidos. VocĂȘ me escutava e queria escutar, fazia questĂŁo, seja lĂĄ o que eu houvesse a dizer. E amor, como eu precisava ser ouvida, era sĂł o que eu sempre precisei. VocĂȘ Ă s vezes ficava angustiado e se sentindo mal por nĂŁo saber o que me dizer, por nĂŁo conseguir se expressar da maneira que queria, mas sĂł a sua tentativa, sua voz e o seu silĂȘncio jĂĄ me eram o suficiente. VocĂȘ Ă s vezes nĂŁo compreendia ficava revoltado de primeira, mas logo se calava, eu repetia e vocĂȘ ouvia. DiscussĂŁo a gente tinha vĂĄrias, parece que nĂŁo falĂĄvamos a mesma lingua, mas hoje eu queria aquela parte que vocĂȘ se sensibilizava e me amava em um abraço de escuta. VocĂȘ dizia que vocĂȘ era meu ratinho de laboratĂłrio e eu dizia que vocĂȘ tambĂ©m era o meu psicĂłlogo em grandes partes, mas mais do que isso, sempre disse que era meu anjo da guarda. E talvez todos os nossos amigos, aqueles de verdade, sejam, mesmo que tenham ido pra longe como eu fui de vocĂȘ. Em uma tentativa falha, te procuro em ouvidos de terceiros que talvez fossem atĂ© melhores que os seus, mas que meu conforto e meu apego me cegam e vĂŁo de encontro aos teus. É vocĂȘ que eu quero. VocĂȘ me escutava tanto que quando eu ficava quietinha era o seu maior incĂŽmodo, e pedia pra que eu falasse, e eu amava que pedisse  mesmo que o seu pedido desse continuidade ao meu silĂȘncio.  Preocupado se o silĂȘncio revelava alguma dor que eu pudesse sentir ou talvez atĂ© mesmo te revelasse a sua. Nunca vi homem sem reclamar que mulheres falam demais, mas vocĂȘ nĂŁo se cansava de se importar, nem da minha voz e nem das minhas teorias mais malucas, sonhos mais distantes e dores mais sufocantes. E acho que essa foi a maior prova de amor que alguĂ©m jĂĄ fez por mim, me escutar. - LuĂ­sa Monte Real

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