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Escreva-me

 Você costuma dizer que fica sorrindo o tempo inteiro quando te mostro o que escrevo sobre meus sentimentos em relação a você. Diz que nunca sabe o que dizer, que não é bom com palavras. Diz se sentir um lixo por achar que não consegue se expressar e entregar para mim essa sensação boa e satisfatória que você sente quando me lê. E eu digo que é para você parar com essa besteira e se sentir especial. Digo que você não precisa me dar nada de volta, que meu amor é livre, assim como o que lhe entrego em palavras simples que se eternizam numa folha, mas que se perdem com o vento do tempo. Digo que não escrevo para você e nem por querer, escrevo para me esvaziar, o que você sente quando lê é só uma consequência, muito boa por sinal. Ei, não se preocupa não porque cada um se expressa de uma forma. Ei, não se preocupa não, que são nas formas mais simples, especiais e não planejadas que demonstramos o que sentimos. Ei, não se preocupa não, porque quando você  faz tamanho esforço de tentar escrever só para mim é algo muito mais de se surpreender do que os meus, porque você tem dificuldade, e eles ficam tão emocionantes, simples e sinceros, ficam tão "você". Sem ter aquela enrolação e decoração com palavras bonitas que nada mais são do que enfeite, porque o essencial está por trás. Está no significado e no que sinto quando me leio com tuas palavras. E é isso que quero, quero eu em você, não quero que seja ninguém mais do que eu em tua boca, em teu silêncio, em tua escrita. Escolhi você, e portanto escolhi ser escrita e desenhada por você. Escolha-me para ser sua arte como tu é a minha. Quero ser tua poesia, seja ela como for. Quero ser sua expressão, sua inspiração e seu suspiro. Escreva-me com teus dedos, com teus olhares, com teus ouvidos. Escreva-me sem dó, sem pensar, sem calcular, sem ao menos escrever. Ei, não se preocupa não, porque eu posso fazer uma lista enorme das coisas que você faz e fala que fazem com que tu escrevas sobre mim devagarinho e baixinho. Ei, não se preocupa não, que na linha eu escrevo por nós dois, e o seu silêncio sempre deixou escrito tanto sobre a nossa existência ... A maneira com que você sempre me escutou tão bem e gostava de escutar mesmo que fosse por horas e horas, e quando eu paro ainda pede mais, para que os sons das minhas palavras fiquem escritos do pé do teu ouvido até a meia dos seus dedos. A maneira com que você confia tão abertamente em ser você comigo e me coloca em um lugar de "seu diário" onde permite que eu escreva, questione e decifre cada canto da sua sala de estar, mais conhecida como mente, e ainda deixar que eu crie um pouco mais sobre sua alma. O jeito que você faz música só para mim com aquela voz dengosa quase que sussurrando, ou quando você pede algo que eu dizia não e você choraminga "ah por favor, só um pouquinho, rapidinho". Ou aquela vez que você, tão inseguro, deixou o seu bigode crescer porque eu disse que não gostava e você queria provar que eu te beijaria mesmo assim, e eu me apaixonei ainda mais em como você ficou engraçadinho e eu queria te engolir em uma onomatopeia só, nhac! Ou o seu sorriso que parece curvas perfeitas de um violão - e talvez por isso sua voz faz música - que me faz delirar por horas com os olhos brilhando. Ou até mesmo quando você briga comigo para que eu me cuide melhor e se não te acordo no meio da madrugada para pedir seu colo. Ei, não se preocupa não, porque os gestos são tão arte quanto o meu jeito de te transformar em poesia. Então vem pra cá, deixa eu tomar aquele seu café que você gosta tanto e ver se ele desce quente fazendo o mesmo efeito calmante em mim,  enquanto olho seu sorriso compondo música para mim ao ler mais uma das minhas mil bobeiras repetitivas que te escrevo. - Luísa Monte Real

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