Falta
Eu
não sei se eu que dou muito sentido às coisas ou os outros que estão deixando
de dar. Parece que quanto mais sentido se perde, mais eu dou. Eu não sei se eu
valorizo demais as pequenas coisas ou os outros que não veem graça em nada. Eu
às vezes também não vejo muita graça. E quanto menos graça, mais graça em
outras coisas tento dar. Eu não sei se
as pessoas tiram o significado de fazer sentido ou eu que dou muito sentido ao
significado. Eu não sei se eu que coloco intensidade/sentimento demais nas
coisas ou os outros que escondem o que sentem. Eu não sei se eu que tento
cobrir demais um vazio com sentidos ou eles que fingem não ter um vazio.
Eles... Quem são eles se ninguém é igual a ninguém? Será que eu estou tão
distante de ser eles ou eu só tento fugir de ser? Fujo porque quero ser
diferente, não quero parecer alienada, mas me alieno na minha própria
diferença. Quero ser profunda e conhecer minha dor para fingir ter um controle
sobre o que sou, quando ainda me conheço tão pouco e havendo um universo
interno inteiro em constante formação para explorar. Como me comparar tanto a
eles se sei tão pouco? Minha mente tenta focar em mim, mas meus olhos cismam em
julgar o próximo numa tentativa de provar que estou no caminho certo. Estou no
caminho certo para quem? Como se meu caminho fosse de alguma maneira capaz de
ser de outro e como se o caminho do outro fosse capaz de ser meu. Raciocinar o
que quer ser é fácil, difícil é admitir onde estamos errando e conseguir
consertar o que de primeira parece ser tão automático. A internet me pressiona,
a internet me sufoca, a internet de alguma maneira me reflete meus erros, a
internet me reflete o que não quero pro mundo. E quem sou eu para querer algo de
um mundo que não é meu? Por que não foco no meu próprio? Por que sempre esperar
dos outros? Por que sempre me comparar? Por que sempre competir? Por que sempre
lutar para não me sentir menor, pior se sou tão pequenininha e quem não é? O que
é ser grande se não ser só você mesmo, pequeno? Assim meio sem graça mesmo com
graça às vezes dependendo de quem olha. Aquele sentimento de falta que te afoga
na angústia do nadar no nada. Vem alguém na cabeça. Mas não é isso, eu sei. A falta nada mais é do que o real. A falta de uma ilusão que dá graça a
essa vida que é assim mesmo, bem medíocre. Real que quem pinta e decora somos
nós. E quando o cenário cai? Não pinta, nem decora? Falta. - Luísa Monte Real
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