Pesquisar

Me Inundei de Você e Odiei


    Eu te odeio. Eu te odeio porque me sinto menor sem você. Eu te odeio porque não quero que faça sentido não ter você. Eu te odeio porque me sinto impotente. Eu te odeio porque permiti me inundar com seu vazio. Eu te odeio porque mesmo encontrando o nada, eu construi alguma coisa. Eu te odeio porque te carreguei. Eu te odeio porque acredito que a gente escolhe como lidar com a situação e tem dias que eu só sei doer. Eu te odeio porque eu estou cansada. Eu te odeio porque a cada dois passos que eu dou para frente, eu volto um atrás. Eu te odeio porque sinto sua falta. Sinto falta de todos os milhares de filmes e séries que a gente via juntos, e por que raios isso era tão especial pra mim? Sinto falta de compartilhar minha vida com você. Falar toda hora sobre nada e tudo. Te encher o saco e me sentir amada, acolhida. Eu te odeio porque sinto falta de todas essas coisas, mas não acho que você mereça. Não mais. Não hoje. Não depois da forma que me atacou com uma flecha bem na ferida me fazendo cair de uma forma que nem lembrava se caia de baixo ou de cima. Não depois de enxergar que você não tem mais nada a me acrescentar além de dor de cabeça. E eu entro em surto. Porque sinto sua falta, mas se penso em você aqui, comigo agora, só consigo imaginar uma coisa: discussão, decepção, cansaço da sua imaturidade, do seu vazio, da sua alma perdida. É porque na real, eu sinto falta da pessoa que você era antes de me perder. Mas aquela pessoa não volta mais e eu preciso que alguém me diga isso. Aquela pessoa não existe mais. Aquela pessoa está por aí se perdendo e sendo escondida como você sempre fez consigo mesmo. É porque eu não consigo te perdoar em como tudo estava sendo tão leve, no esforço que fiz para que fosse saudável, e você teve que virar esse monstro e me engolir numa dor de ego desesperado.
       E eu odeio que eu tive nojo de você, eu odeio que eu tive desprezo por você. Eu odeio o quanto você foi fraco. Eu odeio o tanto de esforço que você fazia para provar a mim o príncipe que você se tornara, como se eu tivesse que te aplaudir ou dar nota 10 depois de um ensinamento que te dei. Eu odeio que você falou que vai lutar por ela como eu lutei por você, querendo mostrar que vai acertar dessa vez, só que do seu jeito, esse jeito razo bem mais ou menos, porque "queremos coisas diferentes" e você não tem tempo. Eu odeio que você tava tão preocupado com a minha aprovação que nem ao menos percebia que vomitava dentro da minha boca um mar de podridão que descia arranhando e intoxicando tudo. Eu odeio ser seu porto seguro quando nem mais pier eu tenho. Eu odeio seu orgulho que você sabe, não se sustenta comigo e você desaba.
     Meu amor, e você veio cheio de si, e você veio cheio de orgulho pronto para ganhar o troféu. E eu te dei uma rasteira para voltar para realidade e você ainda teve a coragem de desabar em mim?! Eu odeio que você não se calou e não foi embora. Odeio que você se despedaçou, se despiu sem que eu quisesse ver. Eu odeio que você provocou, não aguentou o troco e ainda achou que tinha o direito de derramar seu sangue sobre o meu. E agora eu odeio que no meu sangue escorre o teu e eu não sei mais identificar a dor que é minha ou sua. Eu odeio que a sua dor agora queima toda vez que meu coração bombeia. E eu odeio que as coisas mais bonitas que senti foram por você. Odeio achar que ainda é o mais bonito e com sentido em mim, enquanto parte de mim diz que para você nem é mais e talvez nunca nem foi. E eu racionalmente, me acho tão mais merecedora, mais especial do que você só para fingir que, na verdade, não sinto o oposto, e que não te coloco num encantamento. Não deveria, mas me sinto traída por mim mesma. Mas odeio mais ainda que parte de mim te entende e te respeita. Parte de mim é humilde, te permite e quer ver você crescer, parte de mim te ama como irmã desde sempre e reconhece que te ama, mas que você não é merecedor de meus desejos e de minhas fantasias mais profundas, apesar de ainda sentir e me culpar friamente por isso. E eu odeio como me sinto o pó sem ter alguém que nem se quer faz questão de ter alguma relevância na própria vida. Mas tudo o que eu odeio é porque amo. O que odeio é amar essa coisa masoquista de te gostar. - Luísa Monte Real

Nenhum comentário:

Postar um comentário

E ai? O que você sentiu ou pensou?