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3/3 de Partir

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                                             Dica: Música 

E aí, você não foi, né? Você ficou, mas você não era você. Não sei ao certo quem era essa pessoa, mas ela me torturava fazendo-me procurar naquelas palavras vazias um rastro daquilo que eu amo em você. Eu sei que você ainda está aí, que você ficou, que você ainda é o mesmo. Você não me permite te ver, tocar nem sentir. Você colocou essa máscara que eu já conheci outras vezes, mas parece que ela ficou grudada em seu rosto dessa vez e você não está disposto a tirar, e quem sou eu para querer saber como você deveria agir? Só queria que explicasse e que eu pudesse ajudar, seja aconselhando, ouvindo ou até mesmo me afastando se você pedir. Parece que ela está te protegendo de algo. Eu queria que você se sentisse confortável o suficiente para conseguir enxergar isso, e então conseguir tirá-la, pelo menos para mim, eu nunca te julguei, mas talvez você só esteja sendo cruel consigo mesmo e eu nem tenha nada a ver com isso.
     Parece que ela te cegou, te tapou, não foi? Eu sei que você ainda existe por trás disso tudo e por isso não desisto de você, sei o que sente por mim e sei o que somos, irmãos, não é?! Pelo menos, era o que você dizia, era o que você dizia que eu tinha me tornado..., mas eu avisei que se você não se apressasse de ir embora ou tirar a máscara eu que ia, não avisei? Desculpa, já estou farta, você me machuca. Então é isso, eu que fui de vez dessa vez. Não, não desisti de você. Desisti de encarar essa máscara que me dói, essa máscara que me assusta, essa máscara que me manipula a achar que te perdi, a achar que você não me ama mais, que cansou de mim, que mudou. Um jeito frio, grosseiro, que incomoda, mas nunca pega as malas e vai embora. Desisti de olhar para ela e imaginar o que sangra atrás dela. Meu amor, eu vou estar aqui se precisar, mas estou indo agora. Nunca deu certo ajudar quem não quer ser ajudado. Eu sei que as coisas que te disse pegaram no seu orgulho, mas fala sério, eu só digo aquilo que é preciso encarar para se ajeitar, para arrumar, eu te dei tantas chances... com você é tudo tão pisando em ovos. Por que tão mimado? Você não cede, e então me perde.
    Só por um tempo, prometo... a máscara te fez esquecer que o silêncio incomoda, mas talvez necessário quando as coisas não vão bem, né? Não sei, você diz sem dizer, corta sem encostar. E por isso eu que estou iniciando ele, tentei iniciá-lo sem avisar, de maneira sutil e leve, mas não deu certo, a máscara te diz para sair, mas você volta, é uma briga interna que quem vira o alvo sou eu. Então aqui estou eu, te dizendo que estou indo embora. Talvez um até logo e sinceramente, espero que até logo.
    Por favor, tente entender que é para o nosso bem. Vamos só nos afastar, tudo bem assim? Talvez eu volte para verificar se resolveu se livrar dela. Talvez você volte para me avisar. Não faz assim, não finge que tanto faz, não me ataca só porque quer que eu fique. Ou se impõe e diz o que quer, ou deixe-me ir sem me ferir. Tente se entender, tente enxergar que você me suga, se coloque no seu lugar ou mesmo, no meu.  Estou indo não porque quero, e nem estou indo embora de você, mas acredito que continuarei me conectando com você pelas nossas sintonias que sempre foram mágicas, espero que você as sinta também, não sei quão profundo você está de você mesmo para receber. Tenho que acreditar que ainda te recebo por telepatias, estar aberta a te receber por outras vias com carinho e amor, porque assim então, você está no seu lugar de sempre, perto. E mesmo se o tempo dessa ida seja tanto que um dia você chegue a se aprofundar e se afogar dentro de mim, o que temos é intenso e pode ser trazido à tona em qualquer instante se permitirmos, eu sei disso, porque o vazio é insubstituível e a gente se fez dele. Te sinto perto e te levo comigo na mente, alma, espirito, o que quiser chamar, mas deixo seu físico tomado pela porcelana envenenada de sua máscara, ou se é que assim a inventei para não encarar que talvez esse seja só o seu novo eu, tanto faz. Enquanto não descubro, fora me esqueço de ti e dentro, só te sinto muito.

                                                                               Fim 

- Luísa Monte Real 

Quando Acaba

Dica: Música



Quando acaba e você fica com tudo o que vocês construíram, sentimentos, memórias, segredos, intimidades, tudo na mão e simplesmente gira para todo lado sem saber onde colocar, uma sensação de estar perdida. Eu não estava preparada. Agora fico segurando tudo isso sem saber onde deixar, por favor, não me faça carregar e guardar, dói tanto. Eu só queria me livrar disso aqui, e eu procuro incessantemente alguém para te substituir e eu ter com quem carregar tudo isso. Como se mudar o personagem realmente fosse resolver as coisas, como se ele não fosse simplesmente me somar coisas ao invés de carregar as nossas. Eu preciso de alguém para amar, eu preciso colocar esse amor todo que sinto por você em algum lugar, eu tinha tanto para te dar, agora está tudo sufocado aqui dentro, por favor, eu estou enlouquecendo. Eu quero você de volta, por favor, ao menos até eu dar tudo o que eu ainda queria te dar, tudo que eu ainda queria te mostrar, tudo o que eu ainda queria te fazer sentir, tudo o que eu ainda queria sentir mais e mais, parece que eu aproveitei tão pouco e agora esses sentimentos estão aqui, com a bateria toda esperando ser gasta, estão a mil, por favor me use, pelo menos até se esgotar, eu sei, nada disso faz sentido e teoricamente o meu sentimento por você só iria se fortalecer, mas é que eu realmente não sei onde colocar todas essas coisas que você não quis mais.
     Que ridículo, eu sei. Eu pensei que eu nunca fosse chegar ao ponto de te implorar, será que você vai ler? E se ler, já é tarde demais? Talvez. As lágrimas já não me parecem suficiente e o quanto o orgulho pesa por não te esquecer e me permitir sofrer. Quanto tempo dura? Ninguém parece entender que dois meses não são suficientes para eu já ter te deixado ir. Está chorando por quê? Não era óbvio? Por que não ainda chorar por ti em um dia de chuva daqui uns dois anos só por lembrar que você me ligava toda madrugada?
    Eu sei, não foi pouco tempo, ou talvez foi, mas foi tão atemporal para mim que foi quase como um sonho, quando acordamos parece que durou uma eternidade e aí quando falamos do sonho dá a sensação de que na verdade só foram cinco minutos. Pelo menos eu ainda tenho esses milhares de textos estúpidos onde eu posso te gravar e te viver o resto que sobrou, até que todas essas coisas virem ódio, virem raiva, virem mágoa, até meu peito não saber mais qual caminho escolher. Até eu querer te perdoar e não conseguir. Até eu querer ainda ter tudo isso nas minhas mãos, até tudo ir diminuindo, quase se apagando e virando somente lembranças que não fedem nem cheiram, como uma velha vela apagada. Quanto ao amor que sobrou, decido colocar em mim, não sei se vou conseguir, mas há tempos que me faltava e me gritava para ser atendido.