Pesquisar

Mostrando postagens com marcador mudança. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador mudança. Mostrar todas as postagens

Desaba(fa)ndo

    

     Eu acordei em uma grande respirada, puxando o ar desesperadamente do pulmão, a boca fazendo um barulho de sufocamento, abrindo meus olhos arregalando-os pedindo para enxergar o mundo a minha volta. Até que eu vi só um feixe de luz bem longe mas tinha certeza de que não era o fundo do túnel, definitivamente não era um túnel. Tudo a minha volta era infinito e escuro, objetos difíceis de reconhecer, embaçado. Logo após senti que não sugava o ar, era água, água que me descia doendo e arranhando minhas narinas e minha garganta. Comecei a me debater em um grito desesperado de socorro. Não tive sucesso. Estava fraca. Resolvi fechar os olhos numa tentativa de acordar daquele pesadelo. Depois de uns minutos que pareceram anos de angústia, comecei a perceber que afinal conseguia respirar naquele lugar, em uma respirada funda senti meu pulmão se encher de alívio e comecei a respirar desesperadamente saindo um som de desespero de meus pulmões querendo captar todo o ar do mundo. Ainda sem abrir os olhos, tentava controlar aos poucos minha respiração, e ainda ofegante já começava a ter mais consciência e conseguia voltar a pensar. Pensar. Agora tinha me dado conta de que tinha parado de pensar, talvez Descartes estava certo quando disse "Penso, logo existo", porque naquele momento sem pensamentos, tinha a certeza de minha morte. 
   Comecei a imaginar coisas gostosas e bonitas. Minhas coisas preferidas. Respirar doía de tanta água engolida, queria vomitar. Precisava colocar tudo para fora. Pensar coisas boas não parecia ser o suficiente. Queria sair dali. Talvez um desmaio caia bem naquele momento. Estava tão cansada. Não conseguia sentir mais nada além de medo, pensava em alguém que amava e não sentia amor. Apatia imensa, e isso me dava tanta dor. Sentia-me desumana, sentia-me um caco, um lixo, um pó. Até que resolvi abrir os olhos novamente e ainda estava no mesmo lugar. Entendi que no meio disso tudo, havia aprendido a respirar ali. Sobreviver. Conseguia voltar a ter algum controle no meio daquele desespero, no meio do desconhecido. E aí, percebi que aquela luz que havia visto no começo não estava mais ali. Então, resolvi começar a nadar para tentar encontra-la. No caminho, comecei a encontrar algumas criaturas estranhas, que chegavam perto de meu rosto, criaturas que me deram muito medo, dor no estômago, e me fizeram chorar de pavor pedindo para que aquele pesadelo acabasse, por favor, eu não estava aguentando mais. Eu ia ser derrotada. Já não sentia minhas lágrimas, minhas pernas, não sentia meu corpo, garganta presa e seca, eu só continuava sem saber onde ir, onde chegar. Era tudo tão escuro, tão embaçado, tão confuso, tão sufocante. Até que cheguei em um caminho vazio, sem criaturas nem nada, só água e eu. Nadei por ali até encontrar uma mesinha com caneta e papel. Não sabia se era de alguém, parecia não ter ninguém ali além de mim, eu também não havia mais nada a perder, me aproximei.    
    Sentei-me na cadeirinha, olhei o bloco de papel, a caneta, olhei ao redor e comecei a escrever como gostaria de sair dali como se alguém pudesse ler e me salvar, porque minha voz não saia, só bolhas. Escrevi que queria encontrar minha família, meus amigos. Escrevi como gostaria de ter alguém. Qualquer pessoa. Até mesmo um cachorro. Começava a sentir meus pulmões mais leves. A dor diminuia virando só um desconforto. Voltava a sentir meu corpo. Escrevi como gostaria que fosse o lugar, um campo ou uma praia com o Sol tocando minha pele e me tranquilizando. Um abraço quente, uma mão enchugando minhas lágrimas, um beijo na testa, um colo. Enchi tudo aquilo de poesia. Enchi de belas palavras. Frases inspiradoras. Frases que me enxergavam e me olhavam com carinho. Encaravam seus olhos nos meus, mostrando-me como um espelho quem eu era ou queria ser, o que sentia, o que desejava. Mais tarde, escrevia como os meus textos poderiam ser lidos e queridos. Escrevia tendo em mente que me ajudava, mas queria mais, queria fazer bem para alguém. Eu queria  salvar alguém para acreditar que eu poderia me salvar e sair dali. Eu precisava do outro, eu precisava do toque, eu precisava de alguém para ser alguém, eu precisava ser o  alguém de outro alguém. Então eu escrevia como se fosse para alguém, mas no fundo sabia que era para mim mesma. Ei, vem aqui, é só me seguir, você não está só, você pode sair, abre a porta, toque a campainha, como preferir. Só vem, eu juro, não vai doer. É só se abrir. Deixa eu entrar, deixa eu te achar, deixa eu te tocar, deixa... Só deixa voar. 
     Até que eu comecei a enxergar uma luz em minha mão direita. Conforme o tempo - que eu não tinha ideia de quanto -, eu escrevia e ela se estendia para o meu corpo todo. Era a luz do começo. Era eu. Tudo ali era eu. Descobri que até mesmo as criaturas eram coisas da minha cabeça. Eram parte de mim. Eu me afogava em mim, em minha escuridão mais sombria e dolorosa. Eu me intoxicava quando mergulhei em mim, eu não aceitava e ansiava a saída. Qual é a saída de si mesmo? E aí eu entendi que só existe luz porque existe escuridão. E se eu era a minha própria escuridão, onde que estava minha luz? No mesmo lugar, em mim. Eu sou minha própria luz. E que tudo ao redor era meu e parte de quem eu sou. Eu era minha morte e minha vida. Eu era a minha dor e minha paz. E no meio do desespero eu aprendi a brincar de ser feliz com poesia e brincadeira de atuar criaturas apavorantes para mostrar a mim meus medos e batalhar contra eles. Eu me salvava de mim mesma tentando escrever umas coisinhas bonitas, fazer umas palhaçadas dizendo que quero deixar alguém bem, mas só estou desaba(fa)ndo. - Luísa Monte Real 

Seu reflexo sobre mim


   E todo mundo ama meus textos sobre você... Não sei a diferença. Para mim, escrevo todos os textos com o mesmo intuito: me expressar, tornar meus sentimentos e pensamentos vivos e dá-los a possibilidade de viajar e ser de outros. Talvez seja porque ainda exista essa ideia romantizada do amor de casal que o povo adora. Não sei, mas é uma dúvida que me vem toda vez que posto algo sobre você. Talvez você seja a maior inspiração da minha vida até agora. Não sei, mas os textos sobre você sempre tem mais visualizações. Talvez o meu sentimento por você seja tão forte, transparente e verdadeiro que eu passo toda essa sensação em minhas palavras e quem lê consegue senti-las. Não sei, mas também são meus textos favoritos. Talvez as pessoas consigam sofrer uma melhor catarse com os textos sobre você, porque o amor é universal e gostamos de nos colocar dentro dos romances, e os outros textos são mais particulares.  Não sei, mas a forma como me alivia te escrever é indescritível. Talvez seja porque foi você o meio que eu aprendi a escrever como escrevo. Não sei, só sei que toda vez me surpreendo com a reação das pessoas a seu respeito, confesso que isso me incomoda um pouco porque eu tenho um certo medo da supervalorização do amor entre casais, mas eu sei que a maior parte de mim fica muito feliz e me influencia a pensar que você é essa coisa única que me aflora sentimentos diversos. Mas, eu paro e penso. Nada disso é sobre você, é sobre mim. Sim, o que eu sinto por você, o que eu vejo em você dizem a respeito a mim, são as minhas interpretações sobre você, e são apenas minhas, eu criei e passei pro papel, até mesmo quem lê, lê suas próprias interpretações e fazem um "você" particular, um "você" que elas mesmas imaginam, e não o "você" que eu pensei quando escrevi. Então, desculpa, mas você não é essa pessoa única que me causa sentimentos, eu sou minha própria pessoa que eu mesma me causo sentimentos únicos por você, obviamente sem que eu escolha e até mesmo tenha grande controle. E desculpa, ainda podem existir outros "vocês" os quais eu desperte sentimentos únicos que também me inspirem de maneira tão colorida ao ponto de ser não só meus textos favoritos, como daqueles que me leem. E é aqui que eu me liberto de você, é aqui que eu entendo que o dom da poesia é meu com ou sem você, e que você é só mais um personagem o qual eu deixei que em meu jardim de rosas e tulipas - diga-se de passagem, minhas flores favoritas -, você florescesse da maneira que mais se encaixava nas minhas vontades. Eu reguei, eu cuidei e deixei ao Sol de maneira que você nascesse em mim da forma mais bonita, essa forma mais bonita inspira os meus textos, mas essa forma não é você por inteiro, essa forma é o reflexo de você em mim, e assim como o espelho não deixa de ser o espelho quando olhamos para ele e nós apenas uma imagem, eu não deixo de ser eu e o seu reflexo em mim apenas uma imagem sua a qual eu faço, e ela não é o seu verdadeiro eu. Um espelho que deforma, não significa que o que é refletido é um ser deformado, mas sim que o espelho é deformado. Portanto, meus textos sobre você nada mais são o reflexo de uma beleza que eu tenho e formei em mim, e espero que eu possa sempre refletir o melhor e o mais belo de todas as pessoas que eu queira escrever. - Luísa Monte Real

Espontânea


 
Ela nunca gostou de nada que a prendesse. Desde pequena sempre nervosinha, teimosa, com fome de independência e de querer ser grande pra ter liberdade... Se é que algum dia se conquista a tal. Ela nunca gostou de obrigações, se é pra fazer que faça com vontade, se não nem venha. Quanto mais natural, espontâneo e sincero for, melhor. Ela não gosta de enrolação. Ela sempre gostou de cartas na mesa e transparência no olhar. Ela gosta da empatia pra tentar ser justa e acabar entendendo um pouco mais sobre si mesma. Ela não cobra encontrar nos outros aquilo que ela é, se for pra ser, que ela seja pronto acabou. Muito menos aquilo que ela não é. Ela sempre gostou de ser a protagonista ou a antagonista da sua própria história, de levar a responsabilidade de ela mesma ter o papel de ser e não ser o que bem entender, ter a responsabilidade de acertar e errar. Ela não espera nada dos outros nem dela mesma, porque esperar é querer parar, é querer estabilizar, é querer controlar. E ai ai ai, controle ela não tem. Incerta ela é. Pensar e agir ela nunca para. Não necessariamente nessa ordem, até porque Espontânea é seu nome do meio. Ela procura estar bem para refletir o bem. Ela não gosta de brigas, prefere conversas. Ela não gosta de estresse e por isso vê tudo pelo lado positivo, afinal pra ela tudo é questão de ponto de vista. Ela não gosta de rotina e de planos, mapa então, nem se fala... Ela não gosta que coloquem palavras na sua boca. Ela gosta de ser única e singular como qualquer outra pessoa. Ela não é perfeita e por isso ama mudanças. Ela tem medo de ser julgada, mas aprendeu que querer ser o que todos querem é o mesmo que não ser nada. Ela descobriu que ela faz tudo por ela e não pra provar alguma coisa para alguém, quem viu, viu, quem não viu, quem sabe algum dia veja. Ela se acha engraçada e é a pessoa que mais ri de si mesma. Ela nem sempre gosta do que vê no espelho, mas na maioria das vezes sim. Ela gosta dos cachinhos dela e do seus olhos terem tons diferentes.  Ela não se arrepende de nada, pois o passado não volta e todo erro tem algum conserto. Ela aprendeu a perdoar, não por pena, mas para se dar a paz de que precisa. Ela acredita que respeito é tudo, respeitar o tempo, respeitar o lugar, respeitar o outro, respeitar a si e suas vontades. Ela quer que você dê a atenção de que ela precisa, mas também se não quiser ela prefere que não dê, porque ela também não suporta fazer as coisas sem vontade. Ela gosta de correr atrás daquilo que deseja e não perde oportunidades por orgulho, mas também sabe a diferença entre persistência e insistência. Ela não gosta de hipocrisia, contradições e mentiras, mas entende se você precisar delas para tentar se encontrar. Ela sabe que no final é isso que todos buscam, mesmo que alguns ainda se escondam no meio do medo de não ser o que esperavam. Ela sabe que todos querem uma segunda chance, todos querem ser melhores, todos querem um ouvido ou dois pra ser compreendidos ou pelo menos aceitos. Ela sabe que todos querem se desprender dos medos e serem espontâneos, serem livres, serem eles mesmos. Ela sabe que é o que todos querem, e por isso ela leva o papel de dar o que ela e todos gostariam de receber. E é por isso que ela não vai pedir pra você ficar. Ela vai te dar a liberdade de ser e fazer o que você bem decidir, sem rancor, sem pressão e com muita compreensão. Porque ela entende que todo mundo tem o direito de ser o que quiser e que ninguém deve nada a ela além de ela mesma, afinal a vida dela é só dela, a sua vida é só sua. E assim, ela vai te dar a chance de ser o que ela é, espontânea. -Luísa Monte Real

Sinto muito, mas...



   É porque no final do dia a gente não escolhe por quem vai se apaixonar. E boa parte de mim não queria ter se apaixonado por você e creio que nem você por mim. No final do dia, eu só queria ter me apaixonado por alguém que fosse exatamente como você, mas que não tivesse aquele "mas", aquele simples "mas" que parecia um grão, mas que você fazia questão em não assoprar e deixar pra trás, era tão pequeno, mas que como todo "mas" gerava o paradoxo que criava o famoso "uma coisa ou outra". No final do dia, você só queria ter seus 19 anos pra sempre e se engessar no seu "eu" como se já tivesse 80 e não houvesse mais tempo para ser diferente, ou até houvesse mas sabia que não tinha mais chance. Você não se dava essa chance e consequentemente, tirava a minha chance. No final do dia, você me fazia aflorar o melhor de mim e eu o seu quase melhor não fosse aquele "mas". No final do dia, eu só queria você, você só me queria, mas... "Eu não posso ser o tipo de cara que só quer uma? Por favor né e o meu ego?". No final do dia, eu ficava cinco minutos sem aparecer e você já surtava achando que te trai como se a gente tivesse algum tipo de compromisso, por que é isso que você fazia naquelas duas horas sem me responder, né? No final do dia, você queria que eu fosse somente sua quando seu coração era meu, mas seu corpo... Nem tanto. Mas tudo bem, o que importa é que a gente foi sincero o tempo inteiro, você nunca me escondeu que não mudaria e eu nunca te escondi que me tornaria sua princesa. No final do dia, a gente fingia que dava certo sabendo que já não havia dado. No final do dia, a gente se apaixonava mais um pouco só pra não ter que se entregar à derrota. No final do dia, era tudo perfeito e colorido para você enquanto para mim era um arco-íris, ou seja, Sol e chuva ao mesmo tempo, tudo por causa do seu "mas" que no momento, só estava pesando para o meu lado. No final do dia, eu já estava farta de andar naquela nossa montanha russa de emoções na esperança de encontrar o nosso caminho de calmaria. No final do dia, eu arrumei minhas malas, senti teu cheiro mais uma vez em suas roupas, peguei minhas chaves e deixei no seu criado mudo junto de uma cartinha porque você me conhece... E ei, promete não chorar para não molhar o papel? No final do dia, eu fiz o que era para ter feito há muito tempo, na verdade já era a terceira ou quarta vez que fazia, mas sempre esquecia de deixar as chaves... O mas sempre atrapalha né? Mas dessa vez eu ia sem "mas", aquele "mas" não me pertencia e não era minha obrigação aliviar o peso das suas costas com um problema que era seu e somente seu, e por isso eu fui embora. Espero que seu "mas" não fique tão pesado quando ver as chaves, a casa com partes vazias sem meus detalhes e meu cheiro perdido pelos cantos. Espero que você consiga ser feliz desse jeito que você diz gostar, com o seu jeito "mas" de ser. Não levo rancor, nem raiva, talvez um pouco de tristeza... mas carrego em mim as lembranças do alguém que fui com você e do quase alguém que você foi comigo. Só espero que no final do dia, você possa se livrar desse peso, consiga ser mais leve e que encontre alguém como eu logo depois disso para não se arrepender nem um segundo sequer de ter deixado o "mas" entre a gente. É porque no final do dia, quem me deixou escapar foi você. - Luísa Monte Real

Novo ano a cada dia

Desde pequena eu sempre amei o Ano Novo. Talvez porque era sempre uma grande festa com pessoas da minha família. E eu sempre fui muito apegada a família, eram as pessoas que eu mais valorizava e amava. Talvez porque a gente ia pra praia de noite, e quem me conhece sabe meu amor pelas praias. Talvez por todo mundo estar fantasiado de branco. Talvez porque todo mundo ficasse unido e feliz. Talvez porque dava a sensação de limpar a alma e ter uma nova chance. Sei lá... A energia era muito boa naquele dia em especial e continua sendo, mas passei a procurar essa mesma energia nos outros dias dentro de mim. Esse dia para mim continua sendo um trampolim para eu conseguir saltar alto e mergulhar de cabeça em novas oportunidades do ano seguinte, abrir novos sonhos, deixar as coisas no passado e tudo que se fala sobre o tal Ano Novo. Mas acontece que diferente de muitas pessoas, eu comecei a realmente entender que o dia era apenas o trampolim e quem depois guiava o caminho do mergulho era eu. O dia era realmente importante e motivante, mas quem fazia ser diferente no dia seguinte do Reveillon, era eu. Não, não vou dizer que quem deseja um monte de coisa pro ano seguinte está errada, afinal eu continuo fazendo meus pedidos, porque nem tudo que acontece acontece porque queremos, vivemos em sociedade e nada é certeiro. Então, continuo sim pedindo alguns clichês. Apesar disso, entendi que muitas coisas dependem muito de mim e de como eu reajo, por isso foco mais no meu interior e no caminho que vou seguir quando minha cabeça for de encontro com a água ao saltar do trampolim. Relembro meus erros e meus acertos, mas não me prometo nada, nem ao menos me peço nada, só me preparo para o que está por vir de braços abertos e coração lavado. E isso é todo o resto dos dias. Todo dia me preparo para receber o novo, todo dia penso em mim e reflito minhas ações. Todo dia penso em me afastar de pessoas que não me somam nada, todo dia eu me amo mais um pouco. Todo dia penso nos amigos que realmente quero ter, todo dia peço desculpas a quem magoei. Todo dia eu penso nos meus sonhos e corro atrás em pequenos passos, todo dia acordo pronta para novos desafios, todo dia eu quero aprender, todo dia eu dou um sorriso ou mais, todo dia valorizo o que tenho. Todo dia olho nos olhos das pessoas, todo dia descarrego energias negativas e trago-me as positivas. Todo dia eu trabalho para que não fique tudo parado, sem graça, com poeira e criando teias de aranha, todo dia atualizo minha mente deixando o dia anterior guardado em uma gaveta. No Ano Novo não há nada muito de diferente, eu simplesmente fecho em uma gaveta maior um monte de gavetinhas fechadas durante todo o ano, aproveito para fechar algumas que podem, por descuido, terem ficado abertas. Aproveito para festejar (amo uma festa, já viu né...) e para respirar toda a alegria, esperança e paz que está no ar e que existe dentro de mim. Aproveito para descarregar todas as energias que arrecadei durante o ano, para poder me preencher de novo. Com o passar dos anos, eu percebi que a cada ano existiam novas experiências, novos obstáculos, mas eu percebi que eles só eram tão novos assim, porque eu mudava com cada situação que me aparecia, eu mudava aos poucos a cada dia e quando chegava no final do ano eu não era mais a mesma do começo, e foi então, que eu entendi que o trampolim não serve de nada se você não bater o pé depois de mergulhar. Um dia parei para pensar e eu não entendia como que eu havia mudado tanto ao ponto de desenvolver a capacidade de desabar num dia, deixar tudo doer demais e acordar no dia seguinte renovada, feliz, alegre. E foi ai que eu entendi que eu faço todos os dias depois de uma batalha ou até mesmo de um dia sem graça, um "Ano Novo". A vida é muito curta e o tempo muito rápido para esperarmos o ano inteiro para poder fazer e prometer fazer tudo o que queremos, isso tem que ser feito um pouquinho a cada dia, sem promessas nem muitas cobranças, por favor, deixa tudo fluir enquanto você toma, a cada dia, pequenas escolhas que vão ser responsáveis pela grande mudança que espera. Ah, porque a gente sempre quer mudar, a gente sempre quer ser melhor, a gente sempre quer tentar o diferente... Então desejo que nesse dia especial você suba no trampolim, salte bem alto quem sabe até dê uma ou duas piruetas no ar, mas mais importante que isso, que você não se esqueça de continuar nadando e se guiando quando entrar na água, porque o próximo trampolim só vem daqui a 365 dias. Feliz Ano Novo o ano inteiro!!!

Eu e minhas 7 vidas

    Dizem que só gatos tem 7 vidas. Eu com certeza tenho 7 vidas, se é que não tenho mais, talvez perca a conta até o final... Não sei na sua, mas na minha vida existem várias outras vidas com o mesmo protagonista. Eu. É mais ou menos assim que acontece: A cada dia, um passo. A cada passo, uma descoberta. A cada descoberta, uma mudança. A cada mudança, uma característica. A cada característica, um eu. A cada eu, uma vida. A cada vida, um momento. A cada momento, uma fase. A cada fase, uma descoberta. A cada descoberta, uma porta. A cada porta, uma abertura. A cada abertura, um entendimento. A cada entendimento, uma lição. A cada lição, um despertar. A cada despertar, um brilho no olhar. A cada brilho no olhar, um amor. A cada amor, uma intensidade. A cada intensidade, uma alma vivaz. A cada alma vivaz, uma paz. A cada paz, uma felicidade. A cada felicidade, uma tristeza. A cada tristeza, uma superação. E assim vai, um ciclo. Nem tão redondo, completo e compreensível, mas meu ciclo. Meu ciclo tem ramificações que se conectam, mas não necessariamente se fecham. Meu ciclo tem etapas repetidas, mas que não necessariamente me levam aos mesmos fins. Sou a mistura de diversas vidas que formam uma só, a minha. Mas todas as vidas que já protagonizei e ainda incorporarei se mantêm de alguma forma, mesmo mudadas. Todo dia é uma nova chance para eu ser a mesma ou outra vida. Todo dia é uma chance de eu ser aquilo que me condiz. A única coisa que nunca muda é que eu nunca paro de me mudar e me tornar, ser e crescer, amar e desapegar, mas principalmente, viver e aprender. Isso sem contar as infinitas vidas que passam entre as minhas... Mas e ai, quantas vidas você tem? - Luísa Monte Real

Eu nunca

   Nunca fui assim. Nunca fui de querer um coração partido. Nunca fui de me atrair por pessoas que estivessem sofrendo. Nunca me interessei amorosamente por alguém a qual uma parte lhe faltava. Sempre fui de sentir pena. Sempre me apresentei como auxiliadora e amiga para aqueles que carregavam algo negativo. Sempre acreditei em energias e tentava manter minhas companhias positivas e minha aura a mais clara o possível. Alguns, nada íntimos, me afastei, procurando não me envolver com as dores alheias. Cheguei a me afastar até daqueles que diretamente ou por ilusão da parte deles, causei dor. Mas com você foi diferente. Vi sua dor transformar-se em arte e me encantei. Seus sentimentos mais obscuros encenavam da maneira mais delicada em minha mente, tocando minha alma e emocionando minhas lágrimas. A dor se mostrava, mas junto dela eu via sua alma. Por mais que te faltasse um pedaço dela, era uma alma pura e somente inspirada pelo amor. Talvez você nem acredite mais em amores, mas vi em sua dor a sensibilidade de uma flor. E ai me vi...Eu me vi querendo não mais ser uma amiga que te aconselharia. Eu me vi querendo ser quem te guiaria para o melhor caminho. Eu me vi querendo te apontar a esperança de um nascer do Sol laranja rosado. Eu nunca quis tanto fazer parte das suas artes. E eu nunca... Nunca desejei tanto ser a pessoa que completaria o pedaço que te faltava. – Luísa Monte Real

Decepções na sua porta

Eu estava andando
Eu estava te procurando
O pôr do sol estava brilhando,
Como de costume
Ah!Como eu amo este lugar
Neste lugar eu vim te ver
Você disse que me esperaria
Você perguntou a que horas eu viria
Você perguntou que horas eu queria
Você disse que por mim tudo faria
E eu estava andando
Eu estava te procurando
Eu estava na sua porta,
Era só abrir.
Você disse que ansioso estaria
Você disse que me abraçaria
Você disse...
E de faria em faria, não fez nada.
Toquei na sua porta
Minha barriga gemeu
Meu corpo tremeu
Mas ninguém atendeu.
Meu bem, nunca te pedi que me quiseste
Nunca te pedi que precisaste do que preciso
Mas tu fingiste
Fingiste desejos para manter meu amor por ti
Sua sinceridade me bastaria
E para sua porta eu não correria.
Agora quem anda não sou mais eu,
Mas sim, o mar de suas lágrimas
Que meu amor perdeu. – Luísa Monte Real

Sobre mudanças

    E eu que um dia pensei que em novembro eu já teria te esquecido, que tudo já teria passado, que eu seria feliz de novo... Mas e aí? O tempo passou, hoje já é novembro e nada mudou. Tudo continua da mesma cor cinza, tudo a mesma porcaria de sempre. E ainda consigo alimentar a esperança de que é só esperar porque ano que vem vai ter mudado... Será? Pergunto-me se é mesmo o tempo que controla a situação, se são as coisas que tem que mudar e não eu. Percebi que novembro é só uma contagem. Percebi que não sou nada, e sim estou alguma coisa. Percebi que sou feita de escolhas e de não escolhas. Percebi que se não agrada-me o rumo que estou levando, não é o rumo que tem que mudar, e sim, eu que tenho que mudar de rumo. – Luísa Monte Real