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Quer achar a água comigo?

      Se não for para namorar você, não quero mais ninguém. É, isso mesmo. Não quero mais ninguém porque qual o sentido de namorar um outro alguém só para não ficar sozinha? Qual o sentido de namorar outra pessoa se é para fingir que você não me afeta mais quando afeta? Qual o sentido de ir namorando alguém e quando eu vejo eu só te apaguei com o passa-tempo e me acostumei com o outro confundindo com aprender a amá-lo? Qual o sentido de namorar se meu coração não está livre para mergulhar de cabeça? Qual o sentido de namorar só pro meu ego se massagear por ser desejada? Meu amor, nada disso faz sentido. Pelo menos não para mim. Amores de verdade não são substituídos, e se for, talvez não era amor, era outra coisa. Não quero relacionamentos como quantidade, e sim qualidade. Não quero uma vida marcada por acúmulos de experiências, quero uma vida marcada com intensidade. E o amor não está no ar, nem em uma fila de espera. O amor é uma construção, é uma escolha, que leva tempo, devagarinho, mansinho, gostosinho, sem que seja percebido, pouco a pouco. E é por isso que não quero mais ninguém. Quero manter esse amor comigo e trabalhar nele sozinha até que sua falta não doa mais. Até que sua falta seja tão presente que eu não perceba e não acorde todos os dias e leve facadas na manhã me lembrando de que não está mais ali. Quero tirar toda essa sujeira até que só sobre o amor da gente e eu entregue esse amor por todo o meu corpo e por onde eu passar. Quero aproveitar os amores que já tenho, o próprio, o da família e de amigos. Até eu estar renovada, limpa e pronta para construir um novo amor como esse com um outro alguém.
  Tem gente que fala eu levo relacionamentos a sério demais, que eu coloco sentimento demais nas coisas, que eu deveria aproveitar, curtir, somar e somar... Somar? Sempre fui ruim de matemática... Mas algo me diz que prefiro somar com coisas que realmente me adicionem na essência. Coisas que realmente me façam aprender, e aprender nunca foi algo a curto prazo, prefiro coisas que demoram, mas que me tocam por dentro do que coisas rápidas, que amanhã só foi mais uma. Eu costumo pensar que lidar comigo, com pessoas e sentimentos é sério demais. Levar algo a sério nem sempre é ser chato, sem graça e pesado, na verdade certas coisas como relacionamentos, sentimentos quando levados a sérios traz muito mais leveza e espontaneidade do que quando tratados como brincadeira... Oh como dá problema. Eu não sei você, mas eu não to aqui pra ser brinquedo de ninguém, nem sustentar ego. Estou aqui para ser intuitiva e realista, trocar sorrisos, me divertir, respeitar, cair, levantar, e amar com muita coragem no peito e brilho no olhar. Se eu não estou pronta para fazer tudo isso sem você, não quero com mais ninguém.
  Eu só conheço meu eu com você, se você não mais está aqui, quero aprender a ser eu novamente. Sozinha, mergulhar em mim como mergulhei em você. Porque eu sou assim, não sei cavar um buraco pensando em cavar  pela metade. Se decido, eu quero chegar até a água. Talvez por imprevistos, por chuvas e ventos, eu não consiga chegar até lá e tenha que recomeçar em outro buraco. Mas não faz mal, talvez chegar na água não seja o mais importante. Tenho em mente que se eu fizer me motivando e acreditando a chegar lá, eu vivo com vontade e esforço cada pá que retira a terra. E tudo bem, meu amor, que eu cavei esse buraco mais do que você, porque agora eu to cansada, mas consciente de que não quero mais você para cavar comigo, e se não quero você, não quero mais ninguém em um buraco que é só nosso. Porque esse buraco, meu amor, eu preciso tapar para que ninguém, principalmente eu, caia. E enquanto eu tapo, mais eu me conheço e junto terra por terra. Até o dia em que tudo possa estar tapado, em que ali nasça uma rosa vermelha e eu comece a cavar outro, olhe, e sinta novamente que se não for pra namorar com você, não quero mais ninguém. E eu olhe nos seus olhos e diga: Talvez a gente encontre o oceano inteiro. Então, quer achar a água comigo?

15 passos


  Eu só queria que eu ainda pudesse ser seu colo. Que você corresse pra mim pedindo pela calmaria que eu te dava. Que você deitasse aqui nos meus palitinhos que chamo de perna e eu entrelaçasse meus dedos em seu cabelo fazendo um carinho bem gostoso. Que você me ligasse chorando e jurando que nenhuma lágrima havia caído. Que você estivesse explodindo de raiva e eu te fizesse dar aquela risada tão gostosa. Eu queria, eu juro que ainda queria ser esse seu encosto. Dói-me pensar que você está por ai se sentindo perdido e sem amparo. Mas como você mesmo vivia me dizendo, as coisas não acontecem só porque a gente quer. E é por isso que eu tive que ir. Ei, não fica assim não, promete?! É pro seu bem, eu juro juradinho. Não, minhas palavras nunca foram falsas, sempre te disse que queria você por perto mesmo que fosse só nas lembranças, sempre te disse que meu amor por você não deixaria de existir e sim, ficaria guardado em uma gavetinha. Mantenho minhas palavras e infelizmente, chegou a hora de cumprir. É que por muito tempo eu fui seu apoio, e isso não é bom nem pra mim, nem pra você. Não estava sendo bom pra mim ter que cuidar mais de você do que de mim. Eu pareço ser essa pessoa cheia de estruturas, bases sólidas, forte, alegre, positiva pra você, mas também tenho que me cuidar. E meu bem, eu esqueci... Esqueci de mim por você, deixei de lado toda a minha forma para ser sua rede de balanço. Você sentou, se acomodou e ficou... Balançou, balançou... E por isso não era bom pra você também. Eu te prendi porque te dava aconchego demais. Você não andava pra frente nem pra trás. Só ficava ali, parado. Eu tentava te empurrar pra frente pra acompanhar meu balanço, mas você era mais forte e parava a gente. Amor, a vida não é um jogo, não se volta caminhos para trás, só se anda para frente. Amor, nós estávamos em outro nível e você insistia em voltar 15 passos para trás. Para andar os 15 já foi difícil... Eu te empurrava 2, você voltava 1. Eu te empurra 4, você voltava 3. Eu te empurra 8, você voltava 6. Eu fazia o esforço por duas pessoas. Eu te carregava. Eu era o mar inteiro e você uma âncora que só se mexia depois de uma tempestade. Eu perdi forças. Quando vi, virei uma praia só de areia um pouco molhada e você lá parado, há 15 passos atrás. Não deu mais. Tive que ir. Não tinha mais água que te puxasse pro nível certo. Agora, agora preciso me preencher de volta. E você meu amor, você precisa deixar de ser âncora e virar mar. Crie suas próprias ondas. Sua própria força. Seu próprio descanso e paz. Não é que você nunca tenha sido um repouso para mim, muitas vezes se fez praia, mas é que a sua praia se prendeu na minha com o balanço da minha rede e o peso da sua âncora. Meu amor, é que vida a dois é lado a lado, eu não posso mais ficar andando para trás e ir te buscar. Isso nos impede de progredir, eu nunca paro de voltar, e você nunca se mexe pra ir com o comodismo da carona. Então me promete só mais uma coisa? Promete que vai dar esses 15 passos sozinho? Promete que você vai surpreender o mundo inteiro com o mar que eu sei e vi que você é capaz de ser? Mesmo que eu não presencie tudo isso, só promete pra mim? Promete pra mim que você vai conseguir dar aquela gargalhada gostosa consigo mesmo? E quando você chegar no 15º passo sozinho você vai se lembrar de mim e vai entender porque te deixei, eu te libertei... - Luísa Monte Real 

Duas crianças brincando de amar


      Tudo começou meio assim, meio que só de brincadeira, só para se experimentar, só para ser impulsiva uma vez, só para ser criança de novo e fazer as coisas sem pensar, só para tentar algo diferente depois de anos de amizade, só para matar a vontade que veio do nada ou que talvez sempre esteve ali e ninguém viu ou eu não vi, aposto mais nessa última opção, mas tanto faz agora... Tudo começou meio assim só para ver no que ia dar, meio que só para fazer minha vontade uma vez na vida sem pensar nas consequências, sem medos, meio assim sem ligar que era errado, na verdade a gente nem achou errado no começo, meio que só para sair da mesmice, meio que só pra ver se eu fugia um pouco de mim e das minhas regras, meio que só para me libertar. E então a brincadeira começava com um pouco de pé atrás, um pouco engraçada, meio esquisita, meio "a gente vai brincar mesmo ou...?". Sem perceber a gente nem reparava que era ainda uma brincadeira, sem perceber a gente se mostrava um mundo de sensações nunca sentidas antes... Nossa, eu nunca havia me sentido daquele jeito e apesar de você ter demorado mais para admitir, você também nunca havia sentido! E era tão... Sei lá, bom de uma maneira tão mágica. Era como se tudo brilhasse, era como ver estrelas por todo canto, era um fogo tão grande... E para os dois era só vontade, era só algum tipo de tesão e talvez ali no começo ainda fosse mesmo só uma vontade misturada com o amor da amizade. O que nos surpreendia e nos deixava meio perturbados era que nunca pensamos que fosse possível um dar tanta vontade no outro. Tudo acontecia rápido demais, e a gente só tinha mais e mais vontade de se descobrir, uma ansiedade enorme, e a gente se entregava e se envolvia e se enlaçava. Eu sentia uma confiança e uma segurança que nunca tive com ninguém, então sai da minha própria base para ficar no teu abraço. Tudo o que ele me pedia e queria, eu queria. Abria a mão das coisas mesmo achando que estas não condiziam com as regras, só queria você e você só queria que eu te quisesse, se o meu desejo condizia com o seu, que mal tinha?! Te perder não era opção. E de repente era vontade de estar junto, dormir junto, ah! Era tão ruim não dormir assim agarradinho e a gente achava isso estranho porque nenhum dos dois estavam acostumados a ter essa vontade com ninguém ou pelo menos quase  com ninguém, nenhum dos dois gostava dessa coisa meio casal grude. Era vontade de acordar junto, ah! Acordar e não nos vermos ao abrir os olhos era uma tortura! Você dizia que queria me acordar com beijos... Era vontade de tomar banho junto. Era uma angustia enorme, uma tortura não estar junto, não estar se tocando, se olhando, se sentindo. E tínhamos e nos deixávamos ter todas essas vontades sem ligar para as regras estabelecidas no começo da brincadeira, era tudo tão recíproco que não dava para acreditar, não dava para largar, só dava para querer mais e mais e mais e mais e vem cá logo! Era tão boa a ideia do casal proíbido que de alguma forma tava dando certo. Porque vamos combinar, a gente foi proíbido um para o outro de todas as maneiras, para começar éramos o retrato perfeito da dama e o vagabundo, nossos gostos totalmente opostos, uma paulista e um carioca, eu Barra você Zona Sul, e depois ainda veio a história Romeu e Julieta, e bom por final, aqueles famosos amigos "eu nunca te pegaria, pera ai!", "você é tipo um irmão/irmã". A gente tava quebrando todas as regras possíveis. E para que regras? A gente não lembrava que estava brincando tinha um bom tempo. E ai que ficou sério. Ficou sério mas ninguém queria aquilo, ninguém tava preparado para aquilo. Ficou sério e ninguém percebeu. Ficou sério e ninguém cresceu. Ficou sério e todo mundo ainda achava que era brincadeira. Até começar a doer, até doer muito, até eu não entender porque tava doendo se era só uma brincadeira e que o combinado era que ninguém nem ganhava nem perdia, seria empate sempre... Mas então eu me sentia perdendo naquela brincadeira, e percebi que da brincadeira a única coisa que tinha restado eram os participantes. E ai, o caos. E ai, que eu me procurava e não me achava, só achava uma garota que tinha o nome dele bem na testa, mas que tapava com a mão para ninguém ver, nem mesmo ela no espelho. Mas aquela garota era eu, e eu tirei a mão da testa. Fiquei olhando seu nome e doía tanto, como eu ia admitir que tinha deixado aquilo acontecer? Era só amizade... Era só uma brincadeira...  Mas ai, olhei para ele e achei um garoto com a mão na testa, eu via a primeira letra de meu nome, mas ele ainda não tinha coragem de tirar e ver o resto do nome, ele já sabia, eu também, mas ter a certeza doeria mais... E agora? Agora sou eu, você e a procura pela aceitação. Você estava assustado, eu estava surpresa e pronta para partir nessa aventura mesmo com medo. Mas já você... Você tinha aquela tal da insegurança que fazia o seu medo ficar muito maior do que sua vontade de agir, em alguns momentos sei que não, sei que em alguns momentos você tentou fazer a coragem e o amor falarem mais alto, mas não foi o suficiente né?! Tudo bem... Mas meu amor, depois dessa sua fraqueza, algo me diz que não estamos preparados ainda um para o outro em termos de casal. Talvez a gente nunca esteja, parte de mim quer acreditar que é questão de tempo e de amadurecimento... O que você acha de continuar nossa caminhada e deixar que a trilha nos leve para o destino certo? Talvez a gente se distancie. Talvez a gente permaneça amigos. Não é que eu acredite nisso de "se for pra ser será" ou até mesmo em destino e estar escrito nas estrelas, mas é que talvez em um futuro a gente e o nosso amor se encaixem melhor. Mas por favor, não insiste mais, não pense mais nisso, é só aceitar os fatos e não lutar contra maré, deixa que tudo aparece na nossa frente conforme nossas pegadas.  Então não diz que é nunca mais, é só por enquanto. Não coloque um ponto final, deixe em reticências que é para que o nosso amor fique pelo ar e não deixe de existir. - Luísa Monte Real


Sobre mudanças

    E eu que um dia pensei que em novembro eu já teria te esquecido, que tudo já teria passado, que eu seria feliz de novo... Mas e aí? O tempo passou, hoje já é novembro e nada mudou. Tudo continua da mesma cor cinza, tudo a mesma porcaria de sempre. E ainda consigo alimentar a esperança de que é só esperar porque ano que vem vai ter mudado... Será? Pergunto-me se é mesmo o tempo que controla a situação, se são as coisas que tem que mudar e não eu. Percebi que novembro é só uma contagem. Percebi que não sou nada, e sim estou alguma coisa. Percebi que sou feita de escolhas e de não escolhas. Percebi que se não agrada-me o rumo que estou levando, não é o rumo que tem que mudar, e sim, eu que tenho que mudar de rumo. – Luísa Monte Real