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Quem estragou nossa música?

   Por que as pessoas dizem que estraga a música lembrar de alguém que não mais está aqui? Tudo bem, talvez lembrar dela doa ainda e admitir que ainda dói dá uma angustia danada. A cobrança de superar o outro, de ser feliz é tão grande. Mas e dai? Não se cobre tanto. Quem está deixando estragar a música é você, porque sinceramente, uma música boa ligada a um afeto bom não tem como ser melhor. Não destorça uma lembrança boa só porque agora dói não ter a pessoa ou por algum rancor mal resolvido que você tenha com ela. Não esconda a dor debaixo do tapete, abrace ela, ela também precisa de carinho. Você é só uma pessoa e ter sentimentos bons por alguém não tem nada de errado, mesmo que ela só esteja no passado agora, mesmo que ela tenha te decepcionado. Todo mundo erra, perdoe-a. Liberte-se desse apego que te faz estar revoltado por querer tê-la, mas pensa que não deve ou não pode, ao invés disso ame e sinta a música, não perca a magia. Eu acho tão gostoso, é como se eu pudesse sentir ela ali comigo, e tão perto, como se a pessoa dançasse dentro de mim...
  Faz assim olha, feche os olhos, deixa o som alto no seu ouvido, comece a cantar junto com a música... De repente você vai se lembrar dela e vai se sentir culpado, diga: ah que que tem? E sinta tudo aquilo que está aparecendo ali na hora, eu duvido você conseguir parar de sorrir, às vezes até umas lágrimas de emoção começam a cantar pelas suas bochechas. É um sorriso que vem lá da alma que atrapalha até mesmo sua cantoria tão afinada e ritmada. Imagino as curvas de seus ombros, o contorno dos teus lábios, da tua risada de neném e rio no meio da música. Lembro dos seus olhos castanhos escuros de bola de gude destacados por cílios pretos e demarcados com suas sobrancelhas grossas. Tão lindo,  beirando a perfeição vinda dos meus olhares sob teu corpo e alma. Desenhando seu maxilar e seu queixo quadrado em um rosto oval, onde escorrega sua barba escura com falhas loiras que dão o toque de imperfeição mais gostoso que existe. Consigo reviver um mar de emoções que sentia misturado com uma nostalgia que é tão boa. Consigo enxergar que minha raiva não tem lugar ali, quero lembrar de você do jeito que você falou que gostaria de ser lembrado. De um jeito bom, de um jeito que me some, de um jeito que você ainda pulse aqui dentro. Lembro dos dias que cantava comigo, aquela saudade grudada a uma felicidade de ter vivido tudo aquilo com você. Sorte. Sinto-me a pessoa mais sortuda e viva do mundo. Talvez a música seja o mais perto que a gente chegue de uma máquina do tempo, quem sabe? Então, como qualquer máquina, você só tem o controle dela se aprender a usa-la com sabedoria, paciência e cuidado. E eu te garanto que se você quiser, ela pode ter muitas outras funções além das que aparecem no manual. - Luísa Monte Real

Distância


  "Distância: quantidade de espaço que existe entre dois pontos separados, medido por metros, quilômetros entre outras medidas." É, no dicionário até pode ser isso, mas para mim quando se trata de pessoas vai muito além. Não que o espaço não seja importante, afinal nada como a experiência de fato, a vivência, o contato e a presença física, olho a olho. Talvez em um tempo distante o espaço realmente contava muito, mesmo assim sempre fomos criadores de métodos que diminuíssem a separação de nossas relações afetuosas ou coisas, atividades. Tenho muitas pessoas perto, no peito, que nem mais na terra estão, quer dizer, pelo menos que eu não possa ver. Distância para mim pode ser aquele vizinho que vive tão perto, mas você nem tem ideia do nome dele. Distância é o que eu sinto quando estou com alguém e ela não é mais a mesma, não reconheço mais, seja de modo surpreendente ou decepcionante. Distância pode ser quando sinto falta dois minutos depois de ter terminado. Distância pode ser aquilo que queria que fosse eternamente meu, mas me escapa entre os dedos da mão. Distância é o que o tempo faz com as pessoas, com as histórias, com a rotina, com a dor e com a alegria. Distância é quando eu estou em um ligar chato com gente chata, mas estou falando pelo celular com alguém que amo, estou distante do mundo físico, mas perto do mundo espiritual, ou se achar banal e vazio, virtual, como preferir. Distância é mais do que medida, é sentimento. É o estar aqui e depois não estar mais. É a falta. É a possibilidade de estar perto, mas parecer longe. É a possibilidade de estar longe, mas parecer perto. Distância dá medo. É como estar em cima de um penhasco e embaixo só se ver a escuridão, não se vê o chão, e dá a impressão de que se cair, já era. Não importa o número de metros, é sempre essa a sensação. Angústia. Dor. Saudade. Não alcançar. Não tocar. Não ver. Desaparecer. Perder. Distância também pode ser aquilo que você quer de algo ou alguém que incomoda. Distância é suspirar aliviado. Libertação. Calma. Curativo. Distância pode ser um mero número ou um sentimento indefinido e paradoxal que depende de cada contexto. Distância é universal e particular. Distância é aquilo que eu menos quero de você. - Luísa Monte Real 

A hora das borboletas




    10h da manhã de Sol as borboletas saem para beijar as flores. Algumas são beijadas de volta, outras são rejeitadas, outras se beijam e as flores se juntam para dizer que é falta de flor. Outras voltam no dia seguinte e outra borboleta já está em seu lugar. Outras nunca nem acham uma para beijar, outras já cansaram daquele beijo mais ou menos de flores murchas. Outras estão esperando flores que parecem nunca desabrochar, outras são negadas por ter beijado mais de uma flor. Outras deveriam ser maiores, deveriam ser menores, mais coloridas, menos coloridas, prefiro as rosinhas, as marrons parecem mariposas, quem gosta de mariposas? Asas muito pontudas, asas muito redondas essa dança demais tem que ser mais discreta, essa dança de menos BLAHBLAHBLAH AAAAAHHHH CHEGA! Elas estão tontas, vão e voltam, giram e finalmente, caem. Tanta cobrança, não se encaixam e outras fingem se encaixar. Quebradas por dentro. Cansadas.
    O fato é que todo dia é dia de desilusão e decepção com flores que não chegam a metade das suas expectativas. Mesmo assim, todo dia as 10h elas dançam com suas asas coloridas levando um pouco de cor e beleza para o mundo. Beleza. Elas também cansam disso. As flores querem sempre as mais bonitas. E mesmo as mais bonitas são sempre substituídas por outras, porque sempre vai existir uma que a deixe menos perfeita. Descartáveis e reutilizáveis. Nunca boas o suficiente, mas sempre aceitáveis. Às vezes elas só queriam que as flores se desprendessem de suas raízes e fossem dançar com elas, dando ao mundo um novo sentido, mas elas não acompanham. E as borboletas cada vez mais dançam e menos beijam. E isso as faz um pouco desesperançosas e até solitárias naqueles dias mais frios em que o Sol resolve se esconder por detrás das nuvens. Aquele dia que não se diferencia as 10h da manhã do meio-dia.  E então ela resolve beijar uma flor novamente para ver se algo mudou. O cheiro? O mesmo. O beijo? O mesmo. A cor? A mesma. O desabrochar, cadê?! As cobranças? As mesmas. Quanto tempo mais esperar? E aí, ela já nem liga mais, ela nem insiste mais e prefere se juntar a uma causa maior e se unir por um mundo de mais amor às borboletas que tem tanto para dar mas que poucos sabem receber. E então elas resolvem receber tudo aquilo que passaram a vida toda tentando dar e nenhuma flor soube cuidar. Amor.  Respeito. E a liberdade, que apesar de sempre terem tido asas, nunca antes haviam se permitido a dar-lhes sua real função. Voar e o vento beijar. -Luísa Monte Real

Dormir e acordar no nada

 

    É que eles já não sabiam mais olhar o Pôr do Sol sem se avisar para olhar o céu, ou para ver como o céu estava com estrelas e a Lua linda. Ela já não sabia mais como era ter que deitar sem cair no sono escutando sua respiração ficando mais forte e devagar conforme ele ia se entregando para o travesseiro. Era uma coisa curiosa como a respiração dele não a causava incômodos, era tão particular e gostosa. Causava os mesmos efeitos que uma canção de ninar para ela, dava a certeza de que ele estava ali e tão perto... Ela já não sabia mais dormir sem achar graça das frescuras dele de conseguir dormir. Ela já não sabia mais o que era acordar e não ter que esperar algumas horas e ouvir ele se mexer todo sabendo que ele estava despertando. E ali, ela já abria um sorriso esperando ele gemer se espreguiçando e logo depois a chamando, sussurrando perguntando se estava acordada. E o tom de sua voz era de um sorriso estampado por acordar ao lado dela. Depois, perguntava se estava há muito tempo aguardando, e com um sorriso de brilhar os olhos, ela respondia sem jeito "mais ou menos". E ele perguntava se ela já tinha comido e por que não tinha ido comer ainda. E ela respondia: "estava esperando você". Ela não sabia mais o que era acordar, e um não se perguntar ao outro: "quem foi que dormiu primeiro?".
   Ele já não sabia mais como não fazer aquele ritual de ver séries com ela sempre querendo fazer a vontade dela pedindo para ela escolher qual seria a do dia, e depois ficar conversando com ela até a hora que sente que vai dormir e diz a ela que a ama com uma voz dengosa. Fica chamando ela mil vezes e com uma voz baixa, mimada e birrenta: "Eiii, eu gosto de você." Ela ri e fala que também gosta imitando a voz dele. E ele diz: "mas eu gosto de verdade". Ele já não sabia mais como não dormir sorrindo depois de ouvir a voz dela ecoando em sua mente que o amava e no silêncio calmo em que ela dormia como uma múmia, ele mergulhava achando sua paz. E ele, ao acordar, já não sabia mais como era acordar sem aquele motivo para sorrir. Ele sentia falta de como não só o mau humor não se fazia presente ao despertar com ela, mas em como acordava sorrindo apaixonado com paz e conforto no coração.
   E essa foi a parte mais difícil quando deixaram de ser um do outro. A hora de dormir e acordar. Era a hora em que sem  palavra alguma, olhar ou sentido consciente, eles se encontravam mais juntos em demonstrações de amor calado. Era a hora em que os corpos se desligavam totalmente e as almas se conectavam. Era a hora em que o amor recíproco dançava pelo ar e ninguém nem mesmo precisava se olhar para saber que o outro sorria e sentia aquilo. Um amor que trazia uma calmaria e uma alegria que só eles eram capazes de entender. Ela teve dificuldades em dormir e pesadelos por meses sem ele ali. Ele acordava chutando o armário diariamente sem ela ali. Com o tempo, foi passando. Mas toda noite e toda manhã era a mesma coisa. A falta. O vazio. O buraco. Ela costumava se distrair até que o sono a detonasse na cama e ela dormisse sem perceber. Porque se ela fechasse os olhos antes do sono a pegar... memórias, saudades, fantasias de estar com ele, choro... Sem ele. Ele ficava até de madrugada bebendo, transando, encontrava os parceiros para que chegasse morto em casa, capotasse na cama e acordasse atrasado para não ter tempo de ouvir o nada. Sem ela. O que era luz se tornava escuridão. O que era mágico e fantástico se tornava dor e náuseas. Não era saudade, era falta. Ela queria fazer um contrato de só poder dormir com ele, era só o que ela queria, mais nada, ela promete, era só para não ter pesadelos. Ele queria fazer um contrato de só poder acordar com ela, era só o que ele queria, mais nada, ele promete, era só para acordar sem mau humor. Eles só queriam seu canal de maior conexão de volta, não precisava do resto, sério mesmo. Mas no final, o que eles queriam mesmo é que o canal nunca tivesse se partido, e que o resto não fosse, na verdade, uma grande parte do nada que antes era preenchido. - Luísa Monte Real 

Música



Música é energia 
Música é poesia 
Música é brincar de nostalgia 
Música é viver, reviver
Inventar e reinventar 
Música é mistura de sensações e emoções.
Música é viajar dentro de si pelo som.
Cada dia me quero em um tom.
Música é calmaria que arde 
É dor em balde 
É corpo que sacode 
Arte que explode.
Música é lembrança gostosa 
É descoberta teimosa 
Repete, repete, repete... 
Música é alma escancarada 
Vergonha abafada 
Lesão curada. 
Música é amor
Uma dor
Uma pessoa 
Um sorriso 
Um pensamento 
Um sentimento 
Um esclarecimento 
Um sufoco 
Um alívio.
É um olhar pela janela chorando no metro 
Um ou dois dramas a mais.
É um show particular no banho 
É uma ou duas alegrias a mais.
A música - como todas as artes - 
É a passagem mais direta de encontrar-se,
Mostrar-se,
Expressar-se,
Conectar-se
Com nossa própria alma. 
E como amo esse meu lugarzinho. 
Aqui bem dentro de mim 
Onde a música vibra 
E faz eu me sentir mais viva. 
Lugar que é só meu
Que só eu sei.
Único.
Profundo. 
Que não se vê e só se sente,
Como as ondas sonoras. 
- Luísa Monte Real

A loucura pela paixão


  Acho engraçado que as frases que mais ouço no meu dia são: "Luísa você tá bêbada?"; "Bebeu?"; "Pera, você não é maconheira???Mo jeito de maconheira"; "Luisa, tu fumou?"; "Quee isso tá doidooona...". E acreditem se quiser, meu apelido já foi até "cracuda". Não, gente, antes que digam qualquer coisa, não sou o estilo que bebe e finge estar bêbada só pra causar e chamar a atenção. Não sou aquele tipo "nossa, que ridícula, é uma adolescente perdida querendo aparecer". Para começar nem gostar de beber eu gosto muito. Eu simplesmente sou uma mistura de tranquilidade com um levei um choque na cadeira e sai rebolando por aí. Sou aquela mistura de introspecção com extroversão. Uma hora to lá e em um instante me conecto com algo aqui, em pensamentos que me deixam completamente fora da realidade. "Ih oh lá, tá viajando...". Estou mesmo, eu viajo o tempo todo, viajo em uma conversa, em uma música, em um sentimento, em um pensamento... Tenho o poder de me teletranspotar, e nem sabia disso antes de refletir sobre os tantos recados que recebi dizendo o quão maluca eu sou. Eu sou tão dentro de mim que acabo me expandindo para fora viajando em diversos universos, mergulhando no mar do outro com meu jeito sem vergonha de ser.      
   Quer saber?! Eu sou louca louquinha mesmo, porque gosto de me sentir humana. Gosto tudo intenso, gosto de mudanças e de poder ter o gostinho de ser tudo um pouco. Gosto de sofrer, mas sofrer por inteiro sem engolir uma gota de meu próprio veneno. Gosto de amar, mas amar com o peito aberto e inteiro. Gosto de rir, mas rir até doer a barriga. Gosto de achar tudo engraçado na idiotice e na bobeira. Também gosto de sentir raiva e sair gritando por aí. Gosto de ouvir uma música, fechar os olhos, sorrir e senti-la batendo em minha alma. Gosto de ser sincera e expressar o que sinto para o outro. "Luísa você é doida? Que coragem". Gosto de me ver livre de rancor e de dar chances para o outro. Gosto de ser rejeitada e ter a possibilidade de um recomeço andando no escuro. Gosto de arriscar e não me arrepender de ter tentado. Gosto de ter uma ideia e fazer na hora.  Já dizia Freud que paixão é uma loucura, e tenho certeza que essa é a minha. Gosto de me apaixonar, se não for pra se apaixonar nem confirmo presença, nem mesmo marco que tenho interesse. Sou apaixonada pela vida, pela minha história, pelos meus erros e acertos. Apaixonada pelos meus dons e pela minha vontade de ser sempre alguém melhor. Apaixonada pelo que sinto por alguém ou algo. Não estou dizendo que penso que vivo em um conto de fadas e saio idealizando e me iludindo por tudo que tem por aí. Talvez um dia eu tenha sido assim, mas hoje, penso que sou uma pessoa realista que simplesmente consegue e prefere ver o lado positivo das coisas, lutando e vivendo em uma loucura particular na qual encontro muita paz e um sorriso com emoção nos olhos. Porque se for pra sair de casa sem viver poesia, eu nem saio. E se for pra viver na loucura de só me lamentar, eu nem vivo. É essa loucura que me faz levar a vida com leveza. É ela que me dá a certeza de que o leve de viver está na felicidade que escolho e encontro dentro de mim, todos os dias. - Luísa Monte Real

Liberte-se e sinta



   Eu descobri o que era liberdade quando ser ansiosa não fazia mais sentido. Eu descobri o que era liberdade quando o meu maior objetivo virou viver um dia de cada vez. Quando me dei conta de que nada é certeza nessa vida e que essa é a graça. Quando descobri que a vida anda, gira e retorna independente de eu tentar calcular todos os passos que eu devo ou não dar. Independente do controle, a vida mexe, e ela é mais rápida e esperta do que você. Eu descobri o que era liberdade quando me dei conta que quem me prendia não eram meus pais, nem ninguém, era eu. Entendi que ser livre é me dar a chance de fazer escolhas o tempo inteiro. E de que fazer escolhas depende sempre de ganhar, mas ao mesmo tempo de perder. E lidar com a perda é o mais difícil, não é à toa que muitos se prendem a dizer não ter escolhas e não sair do lugar. Mas entendi que se eu me der liberdade e quiser eu posso escolher, voltar atrás, escolher de novo, reinventar e consertar. E ah, ser livre também é uma escolha. Sim, ninguém te dá a liberdade. A liberdade é só mais uma dessas coisas que se você não correr atrás, ninguém vai correr por você. Liberdade é entender que a vida é sua e que se você deixar, os outros não tem nada a ver com isso. Liberdade é deixar de ser egocêntrico e achar que tudo que o outro faz é para te atingir, é entender o outro além do que está na sua cara. Liberdade nada mais é do que ter responsabilidade por si mesmo. É se reconhecer como é, enxergar como quer ser e lutar para se tornar. Ser livre custa caro, mas o retorno é sem igual. Ser livre você tem que abrir mão desse seu orgulho, abrir mão de culpar sempre o outro por escolhas suas, abrir mão de ficar parado no seu lugar esperando a vida agir, dizer que é destino e se privar de tantas escolhas que podem ser feitas, ah se engana quem pensa que ficar parado não é uma escolha... E se você escolheu, tome responsabilidade do seu vazio. Ser livre é abrir mão do julgamento dos outros, e principalmente dos seus. O julgamento enquadra, tira possibilidades e diminui. Se permita se encontrar e deixe que o outro se encontre também, o tempo inteiro, não importa quantos anos você se conheça ou conheça o outro. Ser livre é reconhecer que você não consegue ser livre se não deixar o outro florescer também, se desprenda. Diferente do que muitos pensam ser livre nada que tem a ver com desapego. Liberdade é encontrar amor dentro de si e se permitir encontrar em outros corpos. Aquele amor tranquilo, que não controla, que não tem insegurança, que a certeza não tem lugar e que a naturalidade é quem passeia. Liberdade é entender que o outro não te deve nada, é fazer porque quer, e não pensando no retorno. Liberdade é desinflar o ego e investir no de dentro. É rir de si mesmo molhado quando esquece o guarda-chuva. É ser espontâneo. É aceitar, perdoar, permitir e amar os erros, pois sabe que são eles que nos dão a possibilidade de sermos melhores, e imperfeitamente livres. Liberdade é como andar numa floresta de olhos vendados onde você corre grande perigo, mas se depara com os sons mais relaxantes e bonitos, experimenta os cheiros mais saborosos e tateia uma diversidade de sentidos intensos e insubstituíveis.