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Amor encantado




    Sempre vivi em um conto de fadas, confesso. Sou aquela menina clichê que ama rosa, fã de Disney e até meio patricinha que odiava os garotos na infância. Dama e o vagabundo. Cinderela. Bela adormecida. Bela e a Fera.  Romeu e Julieta. E todo tipo de filme americano de amores impossíveis que no fundo a gente sabe que nunca vai acontecer, por favor. Será?! Sempre me perguntei até que ponto a vida inspirava o filme ou o contrário. Por outro lado, sempre fui aquela garota diferente, com uma educação mais reforçada, não tinha pais separados e minha mãe não trabalhava, eu realmente gostava de estudar quando criança e era bem disciplinada, eu era aquela garota chata que apontava o amiguinho que tava me irritando pra professora, era aquela que perguntava na aula sem medo de parecer nerd, minhas notas sempre importaram assim como minha futura carreira. Eu era uma mistura de futilidade com caráter. Sempre muito sonhadora e ao mesmo tempo racional. Sinceramente, eu sempre quis um romance desses de filme, bem clichê mesmo, bem conto de fadas, mas não queria me iludir, esse tipo de coisa não existe, pelo menos qual a chance de existir comigo? Quando de repente, um certo alguém apareceu. Ele mesmo. Aquele garoto carismático, engraçado, bonito, que encanta todo mundo com seu jeitinho, que não quer nada com nada, só quer saber de mulher. Aquele garoto que conhece metade da cidade e mais um pouco. "O vivido", "o experiente". Aquele todo do avesso, aquele "cool". Minha primeira reação foi ATENÇÃO! CUIDADO, VOCÊ NÃO VIVE EM UM FILME! E eu só pensava em não me apaixonar, afinal o clichê não aconteceria comigo. Mas eu tinha certeza que de alguma maneira eu podia alcançar o príncipe dentro daquela máscara de sapo sedutor que mostrava para todos e todas. O mais engraçado é que eu não queria fazer isso para ter meu conto de fadas, assim como Cinderela foi para o baile sem ter a intenção de casar com o príncipe, eu estava fazendo isso porque queria provar para mim e para ele que ele não era só aquilo, que eu podia enxergar seu verdadeiro eu e fazê-lo se enxergar. Era algo instintivo, fiz por empatia e compaixão, fiz para me conhecer melhor, conhecer meus dons, não sei como mas ele fazia eu me enxergar e analisar quem eu queria ser, ele despertava o meu melhor. A gente crescia junto, e eu com a minha mente cada vez mais aberta queria trazê-lo para o meu mundo. Talvez eu tenha sido um pouco egoísta, talvez eu não devesse querer nada, não sou a dona da verdade. Mas é que era tão bom amá-lo e me sentir amada da forma que ele me amava, eu sentia sua essência, eu sabia que ele era muito melhor do que se mostrava ser, eu não sei, eu sou intuitiva e acredito que todos temos dentro de nós aquele verdadeiro eu e eu só queria que ele o libertasse, porque eu tinha certeza que assim, ele poderia se amar mais, e eu queria mostrar o caminho para isso. Estava disposta a gastar toda minha energia para ficar ao seu lado, para ele ter um apoio, para ele ter um aconchego, para se sentir confortável para voar, porque ele conseguia me fazer voar alto cada vez que eu conseguia me aproximar do seu verdadeiro eu, ele era lindo. Então, como quem não quer nada, depois de muito tempo, nos apaixonamos muito sem querer querendo. É, o encantamento se fez presente. Mas diferente do conto de fadas, estar apaixonado não era a solução de tudo, não era só ficar junto e pronto. Você sabe né, pessoas complicam, pessoas tem personalidade. Mas eu não deixei de lutar, não porque estava iludida com meus filmes da Disney, mas porque a vida é uma luta que nunca para, a única coisa é escolher pelo que lutar, e eu estava lutando por ele e ele por mim havia muito tempo, não seria agora que eu iria desistir. Sei, sou só uma adolescente. Sei, parece ser só uma paixonite qualquer para você. Mas é muito mais do que se parece aos olhos de quem vê, pena que os olhos que importam são os meus e os dele... E então Branca de Neve e Aurora acordaram com um beijo encantado, Mulan se tornou uma grande guerreira, Ariel e Eric venceram entre dois mundos, a Fera e o sapo se faziam príncipes, Cinderela e os ratinhos eram encantados pela magia da fada madrinha, Aladin e Jasmine venceram o amor proibido,  e todos os contos de fadas se faziam presentes no momento em que ele dizia tudo o que nunca acreditara pra valer que alguém diria pra mim, fazendo meus sonhos de princesa serem concretizados e me dando a sensação maravilhosa de poder realizá-los. O quão ingênua eu sou? O quão infantil isso parece ser? Não sei, mas sorte a minha ser, porque acaba tornando os momentos simples em momentos incríveis. Ali enxergava o homem que eu sempre soube que existia e que lutara tanto para ter. Ali eu ganhava o meu conto de fadas, ele era o meu amor encantado. E assim, foram felizes no pra sempre de cada momento nem tão perfeito assim, mas juntos. - Luísa Monte Real