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Medo de você


    O sofrimento é inevitável e quem me conhece sabe, eu sempre digo isso. Mas às vezes a gente só fala... Eu sei que fugir de mim mesma só é mais uma mentira. As borboletas na minha barriga já batem, a garganta já seca, e o peito já estremece. As borboletas sobem até a garganta mas eu nunca as liberto. Medo. Medo de você. O medo me aprisiona ou sou eu que me prendo no medo? Virei escravo do medo e quase já não posso ver o que realmente quero, quem sou.  Não sei se te quero tanto, ou se o nervosismo de te querer me faz pensar que te quero tão mais. Será que isso importa? Medo de quebrar a cara. Tenho tanto medo de que não seja o que eu quero. O que eu quero afinal? Eu mal sei para onde leva meu desejo, talvez ele já tenha até desistido de me levar a algum lugar. Ou talvez eu nem tenha mesmo que sair daqui. 
     Já criei tantas cenas na minha cabeça que nem sei mais o que aconteceu ou não. Se os sentimentos são meus, só eu posso senti-los. Só eu posso mudar de nome e criar novas borboletas ou algumas aranhas com eles. Se o sentimento é uma ilusão, assim mesmo é o medo e o amor. Sigo em uma corrida sem fim entre o certo e o errado em que a única certeza no final é a de que nada nunca é do jeito que a gente imagina. A surpresa ou a decepção. Então para que tanta pressa? Para que engolir tantas borboletas? Para que lidar comigo como se eu fosse de vidro se no final sempre estive inteira? Deixo o coração vibrar, deixo as noites em claro, deixo ser adolescente de novo, deixo quebrar, só deixo. 
    Dessa vez eu vou te dizer vem, dessa vez eu vou. Dessa vez eu sei que ir embora é sempre opção, e ficar também. Eu  na sua e talvez isso basta, saber demais às vezes só afasta. Não sei qual o teu gosto, não conheço teu toque, pouco sei seu nome e talvez, pela primeira vez permito que o vulcão me transborde. Porque é simples, não dá para viver fingindo que tsunami é marola.