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A poesia do quase

Quem não sabe ler poesia, sabe ler o quê? 
Poesia essa coisa que esbarranca 
Quebra,
O sentido, a palavra 
Na nossa compulsão, fixação 
No sentido
Que perde o sentido de ser 
Multifacetado 
Eu e o que falo 
O que falo no eu 
Que faz um quase eu 
Porque a gente só pode ser quase 
A poesia do quase 
Quase lá, ou para além de lá 
E a gente sempre quer voltar 
Pra que? 
Tomara que nunca inventem a máquina do tempo 
O tempo todo 
Não existe, ou é tempo ou não o é 
Só é sem sentido aquilo que escapa diante de algum sentido.
Tudo carrega o seu não-sentido.
Ou é sem sentido ou não tem sentido algum. 
Quem não sabe ler o vazio, sabe ler coisa alguma? 
Se é que o vazio é algo que se leia ou ele que nos lê. 
Nos pega, nos arranca. 
Nos estranha
O estranho da poesia
É que a poesia é o meu entranho.