Era besouro no cabelo
Era sentar no formigueiro.
Sai correndo pra minha mãe
Já estava toda em desespero.
Tira toda a roupa,
As formigas já estão no meu corpo inteiro.
Era pé de jabuticaba, era pé de amora ,
Era pé de acerola, era pé de pitanga.
Eram pés
Exploravam todo o mato
A grama verdinha, a terra durinha
O mal lavado sapato.
Todo dia era um machucado novo
Se enfia no tijolo
Toma banho de mangueira e depois se esquenta na fogueira.
Era tartaruga, era passarinho, era cachorro, era coelho, era rã,
Era sapo atropelado.
Era lesma, era carrapato.
Lagarta que queima e plantinha dormideira.
Era o meio do nada, era o meio mais meio.
Era lugar, e não havia outro.
Nesse do(r)mingo,
Dia de vazio
Dia de terreno e deserto
Dia de dia,
no seu ponto mais reinventorio e sem graça
Lembro da casa
Era amarela
Era morada.
-Luísa Monte Real
Desafio: @ogirassolescrito
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