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A Sereia que nĂŁo estava lĂĄ
O que Ă© o que Ă©?
Tem calda, mas não tem pé
Ă peixe, mas nĂŁo Ă©
Vive no reino do mar
Mas ela morre de curiosidade de sair de lĂĄ
Ops, jĂĄ disse que Ă© ela.
Ela que Ă© bela
Canta na pedra
Para enfeitiçar.
Penteia seus longos cabelos
Para me conquistar
Me pisca um olho
Para me apaixonar
Um dia prometi lhe dar tudo que sonhava
Levei ouro
Levei prata
Levei espelho
Levei brincos e colares
Levei tudo que possa desejar
Decepção.
Ficava triste, mas logo voltava a cantar
Sentia que queria me enganar
Um dia, levei uma caixinha de mĂșsica
Um casal dançava dentro dela
Ela olhou, olhou
NĂŁo parava de olhar
Uma lĂĄgrima escorreu
E saltou para o mar.
Foi quando entendi que ela só queria alguém para amar
Pois entĂŁo, eu ia todo dia voltar
Para seu amor reconquistar,
E todo dia eu encontrava
A sereia que nĂŁo estava mais lĂĄ.
- Luisa Monte Real
1/3 de Partir
Um dia acordei e vocĂȘ estava estranho. Tudo
bem, a gente tinha tido uma briga, muito idiota por sinal. Eu continuava com
muitas coisas a te dizer entaladas em meu peito. Ă que a gente sempre foi muito
sincero, e meus desabafos sempre te pertenceram. NĂŁo sabia se dessa vez eu
deveria guardar para mim porque pela primeira vez nĂŁo sabia como vocĂȘ reagiria
e lidaria com a bomba que eu iria lançar. Mas vocĂȘ me conhece, eu sempre
escolho a sinceridade e a transparĂȘncia. VocĂȘ logo percebeu que eu estava
entalada e me ligou, se importou. Eu disse tudo, mas vocĂȘ disse que nĂŁo ia
falar mais nada, como da Ășltima vez que tĂnhamos brigado. Tenho certeza que
vocĂȘ tinha o que dizer, mas aposto que seu orgulho de manter sua promessa
consigo mesmo te fechou, nĂŁo Ă©?! VocĂȘ preferiu guardar tudo para si bem, bem lĂĄ
dentro fingindo que nĂŁo tinha nada. Fingindo que nĂŁo te afetava. E fez isso
porque te afetou demais, nĂŁo Ă©?! Mas eu te estendi a mĂŁo, a gente sempre foi o
apoio um do outro, desabafei colocando soluçÔes para nós dois.
Seria tĂŁo mais fĂĄcil se vocĂȘ cedesse, se
vocĂȘ se permitisse, mas vocĂȘ estava com tanto medo de se entregar, tanto medo
de se machucar... lidar com vocĂȘ era exatamente como “Training Wheels” de
Melanie Martinez. Acredito que tudo que lhe disse de alguma maneira fez vocĂȘ
voltar as vĂĄrias casas de nosso pequeno joguinho que gosto de chamar de nossa
vida juntos. Achei que com o tempo afastado de mim, a saudade te curaria, sua
confiança em mim voltaria e sua pecinha do jogo se encontraria na mesma fase
que a minha outra vez. Mas eu nĂŁo sei, vocĂȘ nĂŁo se afastava, vocĂȘ vinha. Mas eu
nĂŁo queria vocĂȘ, vocĂȘ vinha me machucar, nĂŁo por querer, mas sua barreira me
impedia de me conectar com vocĂȘ e eu me sentia cada vez mais jogando o jogo
sozinha. Ă talvez eu chegasse no final e vencesse, mas eu nĂŁo queria se nĂŁo
fosse com vocĂȘ. Eu te perguntava o que era e vocĂȘ dizia que eu era louca, que
era coisa da minha cabeça, que eu tava viajando... ai, isso me deixava com uma raiva tremenda!
Cheguei a pensar que vocĂȘ mudou comigo
porque estava namorando, mas vocĂȘ jĂĄ namorou mil vezes antes e isso nunca havia
acontecido... ai, vocĂȘ me deixava tĂŁo insegura e eu continuei desabafando com
vocĂȘ sobre tudo o que eu estava sentindo, afinal vocĂȘ me perguntava e se
preocupava, mas na hora de resolver nĂŁo conseguia se entregar. Gostaria tanto
de massagear a sua dor. Um dia desses vocĂȘ me chamou para sair, mas era tĂŁo
tarde... se eu jĂĄ fosse independente eu ia na hora e tenho certeza que minha
presença faria um reencontro de nossas peças e atĂ© irĂamos passar de fase, mas
eu nĂŁo fui... era loucura demais, e em partes eu errei em nĂŁo ir. Em outras
partes vocĂȘ fez de propĂłsito, sabia que eu nĂŁo poderia, e usaria como desculpa
de que estava tentando sim. Eu te conheço tĂŁo bem e vocĂȘ ainda assim achava que
conseguia fingir suas atitudes. Talvez estivesse tentando fingir para si
mesmo. Houve um dia em que vocĂȘ havia bebido um pouco e foi o Ășnico dia em que
vocĂȘ foi vocĂȘ comigo e eu fiquei feliz, porque eu soube que ainda existia o meu
velho amigo ali. Eu sĂł sei que eu estava confusa, perdida, com raiva. NĂŁo me
arrependera de tudo que falei, falei para que fosse consertado, quem estava
estragando as coisas era vocĂȘ, aliĂĄs, vocĂȘ nĂŁo, porque vocĂȘ nĂŁo estava sendo
vocĂȘ.
Seu ego, seu orgulho, seus medos
estavam me empurrando. Eu procurava aguentar porque vocĂȘ sĂł fazia isso para me
rejeitar antes de ser rejeitado. Eu precisava provar que eu nĂŁo ia te
rejeitar, precisava te provar que as coisas podiam ser diferentes. Eu consumia
uma força que eu não tinha. Eu aguentava os seus erros nas minhas costas e
agora de boca fechada, e vocĂȘ percebia. Como vocĂȘ pensou que se fechar ia fazer
dar certo, hein?! Mesmo se eu chegava de mansinho com carinho vocĂȘ nĂŁo amolecia, qual Ă© a sua, hein?! VocĂȘ nem percebia, vocĂȘ estava dolorido?! VocĂȘ dizia
que eu era dramĂĄtica para nĂŁo aceitar que doĂa, nĂ©?! Eu nĂŁo sei, eu nĂŁo sei, por
favor, hein?! Me responde, me dĂȘ um sinal! NĂŁo me sufoca! Queria te entender, vocĂȘ nĂŁo queria
me machucar e ao mesmo tempo me machucava para nĂŁo se machucar, ou vocĂȘ mudou por
estar namorando?! Eu estou louca?! NĂŁo! Eu nĂŁo sei, eu nĂŁo sei, eu acho que nĂŁo. Eu nĂŁo ia aguentar,
eu ia cansar, vocĂȘ estava se estragando, estragando tudo e eu me estragava
junto, por nĂłs.
(Continuação Aqui)
- LuĂsa Monte Real
(Continuação Aqui)
- LuĂsa Monte Real
Meu PĂ© de Cerejas
A gente correu para o mato onde tinha uma casinha na ĂĄrvore
que eu queria lhe mostrar.
---Vai, pode abrir os olhos... – esperei alguns segundos suficientes
para que a vista se acostumasse - gostou?!
Ninguém podia enxergar a gente ali. Era o
nosso lugar. Nosso esconderijo. EstĂĄvamos sentados e sem querer uma manga de
minha blusa caiu e meu ombro ficou Ă mostra. Eu rapidamente vesti para que vocĂȘ
nĂŁo visse. Mas vocĂȘ viu, Ă© claro...
---Ei, espere aĂ... - vocĂȘ se aproximava e com suas mĂŁos delicadamente
tirava a manga - O que Ă© essa marca?
---NĂŁo Ă© nada.
Te olhei nos olhos e
vocĂȘ olhava minha marca vermelha com um formato de ameba. NĂŁo gostava muito
dela, mas era minha. Depois dali vocĂȘ começou a querer desvendar minhas marcas
atĂ© que despertasse um desejo recĂproco e eu pudesse ver as suas tambĂ©m. VocĂȘ
foi duro demais comigo, Ă s vezes era rĂgido, nĂŁo queria me contar de jeito
nenhum, nĂŁo se abria de jeito nenhum. Mas eu queria tanto... vocĂȘ.
Mas ali naquela
casinha a gente montava um mundo de marcas sĂł nosso. Eu pegava algumas de suas
marcas para mim e vice-versa. A gente se transformava, eu te mudava. VocĂȘ
queria beijar cada marca, queria cuidar de cada cicatriz. Ăs vezes eu chorava e
vocĂȘ limpava. VocĂȘ sempre foi o garoto que roubava coraçÔes e dessa vez vocĂȘ
quis me dar o seu para que o meu nĂŁo ficasse tĂŁo sozinho.
VocĂȘ queria que a sua
casa fosse meu peito para que vocĂȘ pudesse construir um jardim onde meu sorriso
fosse a porta de entrada para o seu. VocĂȘ queria cuidar do telhado da nossa
casinha para que de noite nĂŁo chovesse na gente e eu pudesse dormir bem o
bastante para te abraçar e te acolher.
VocĂȘ queria fechar as
janelas para que meu cheiro ficasse na coberta ainda de manhĂŁ quando acordasse
e tivesse me perdido pela cama.
VocĂȘ queria que eu te
mantivesse acordado até a madrugada para ter a certeza de te desejar até o dia
seguinte.
Porque a casinha era
tĂŁo nossa, e a gente era tĂŁo bom, vocĂȘ nĂŁo podia deixar desmoronar. NĂŁo podia.
Eu merecia. VocĂȘ merecia. A gente. E para fazer tudo
isso entĂŁo, vocĂȘ sĂł tinha uma saĂda.
A mudança.
E entĂŁo, vocĂȘ
passou uma semana do lado de fora plantando alguma coisa que eu nĂŁo fazia ideia
do que era. Ăs vezes eu achava que vocĂȘ estava se arrumando para ir embora,
parecia cansado, vocĂȘ nĂŁo subia mais.
VocĂȘ mexia na terra,
regava e esperava. Em alguns dias eu via que nascia uma plantinha dali e foi
quando eu mais tive medo de vocĂȘ me largar com ela ali. Mas vocĂȘ fez o
contrĂĄrio, vocĂȘ subiu. Foi quando sentiu essa necessidade tĂŁo grande de fazer
diferente, foi quando mudou que descobriu o que era amor.
VocĂȘ mudou seu olhar
sobre tudo para que meus olhos encontrassem os seus. VocĂȘ mudou sua fala, sua
voz para que eu pudesse deitar meus ouvidos e sĂł querer te ouvir. VocĂȘ se
tornou carinhoso para que eu pudesse correr para os seus braços. VocĂȘ comprou
lĂĄpis e papel para que eu te escrevesse e vocĂȘ me desenhasse. VocĂȘ trouxe
coberta, e primeiros socorros. Ă que na verdade, boa parte do que estava construĂdo,
eu Ă© quem tinha realizado e te dado, meu corpo, minha alma, minhas marcas e a
casinha jĂĄ estavam prontas para te receber, e vocĂȘ sabia que o toque final era
seu, era entrar e beijar todos os dias, as seis marcas (pelo que vocĂȘ contou) e
uma cicatriz que eu tinha no corpo. Era renovar a certeza de que nossa casinha
era cada dia mais nossa. Era me dar um beijo de bom dia para eu saber que jĂĄ
tinha feito o café com o seu gostinho na boca. Era ficar doente e vir correndo
assoar o nariz nojento na minha blusa, implorando para ser mimado. Eca. E eu?!
Eu descobri o que era amor quando tive a certeza de que podia amar marcas tĂŁo
diferentes das minhas, e de que podia construir uma casinha gostosa um pouco
torta, mas que fizesse vocĂȘ se sentir confiante, leve e cuidado o suficiente
para poder vir e ajeitar com toda sua engenharia de amar. Era descer todos os
dias para ver o que a plantinha tinha a nos oferecer e a gente a ela.
----Qual planta Ă© essa?
----Ă surpresa. Mas calma, Ă© sua.
A plantinha foi crescendo e se tornando ĂĄrvore, cresciam
flores rosas lindas, eu sabia qual era, mas nĂŁo lembrava, que droga! Era tĂŁo
linda, e ele tinha feito para mim. Eu nĂŁo acredito que ele havia plantado uma
ĂĄrvore e de certa forma aquilo crescia dentro de mim dia apĂłs dia, me fazia
brilhar por dentro. Até um dia em que descemos e eu vi uma coisinha pendurada
na ĂĄrvore redonda, avermelhada para o roxo.
Era uma cerejeira.
---VocĂȘ Ă© doce sem ser enjoativa, linda, pequena, gostosa,
sensual e companheira. Pacote completo. – ele disse, apesar de eu nunca ter
sido tĂŁo segura quanto a isso.
E agora, toda vez que
ele tem que ir por alguma razĂŁo, as cerejas brotam para que eu nĂŁo fique sĂł, e
me lembre de comĂȘ-las ao lado de minhas escritas manchando e dando o toque final com a cor
que ele me floresceu. - LuĂsa Monte Real
A Arte de Ser VocĂȘ
E eu peguei uma cesta com barro
Comecei a montar o que viesse na cabeça.
E o que Ă© que tem nela?
Cabelo
PĂł
Terra
Semente
E cor
Cabelo pra enfeitar
PĂł pra lembrar
Terra pra plantar
Semente pra florescer
E cor para pintar.
Numa brincadeira de mĂŁo a mĂŁo
Tinha um ritmo que de piĂŁo
Uma grande confusĂŁo
Se fazia para frente para trĂĄs,
roda a roda,
Chora, chora
gira e gira e girassol.
Redemoinho no cabelo
Os olhos castanhos
E os lĂĄbios vermelhos
Um beijo no nariz
Ă o que condiz
Com a paixĂŁo de um aprendiz.
As orelhas bem abertas
Ouve-se no barro o som das cores amarelas
Mas gostava mesmo na aquarela
O rosa pink
Piquenique com as estrelas e o luar
Aonde amar Ă©
Cair na onda do mar
Na mĂșsica tocar
O barro criar
Na arte borrar
O texto postar
No teu colo deitar
Em um Sol nascer
A luta de vencer
O esforço de ser e crescer
Em vocĂȘ.
-LuĂsa Monte Real
A Arte De Ser Mulher
Hoje uma dor cresce em meu peito
Dor que sempre existiu
Passarinho engoliu
E agora quer voar.
Cores Sabores Dores
Escolhi a arte para me vingar
Hoje nĂŁo quero paz
Hoje eu quero falar
Hoje eu quero andar
Na rua despida
Alma Mente Corpo
Quero andar em meio a chuva
Cai aqui no meu colo
LOUCA TPM
Sangro impura
enquanto ando, formando um cheiro
E que meu cheiro me fortaleça
Em suas narinas cresça
E vocĂȘ sinta o meu suor.
Com a arte, ando em cĂąmera lenta como em um clipe
Numa ilusĂŁo de me despertar e me libertar
Com a arte me ensino a ser,
a transparecer, a doer, a mexer, a envolver.
Em um grito sento no asfalto
Carrego meu filho no colo
Onde fui me perder?
Se ao menos eu soubesse diferenciar o que quero
ser do que querem que eu seja
Se ao menos eu soubesse o que Ă© ser mulher
O que Ă© ser um ser desvinculado de vocĂȘ
Homem
Me usa Me bate Me taxa Me mede Me rotula Me usa Me abusa Me esconde
Me sussurra, Me leva prum canto, pergunta se eu
aguento.
E se nĂŁo aguentar?
Me embebeda, me convence, me fala de direitos
iguais
Me deixa no chĂŁo, nĂŁo olha no meu olho
Me usa Me bate Me molda
Diz que sou sua mulher e mulher sua Ă© de tal
jeito, tal medida
Ă santa Ă puta Ă pura
Luz branca que me come
me apaga me faz limpa me faz santa
Branca
Do véu ao vestido
RomĂąntica Virgem Rosinha
Endireitou o cara de balada
Pelas costas, baleada
Traição
Na cama, mulher casada finge orgasmo
Sexo?! Nunca segurou homem nenhum
Amor também não...
VocĂȘ jĂĄ foi amada?
Precisa ter amor prĂłprio, hein
Para que tanto amor prĂłprio se no final, odeiam e
rasgam minha pele?
Aprenda a me amar vocĂȘ
Aprenda a me ver
Aprenda que eu quero ser muito mais
Aprenda que eu posso e eu vou
Aprenda a me aplaudir
Aprenda a subir comigo.
Desejada Desejo Culpa
Minha arte Ă© ser mulher
Mas que mulher se nunca fui o que quis?
Que mulher se quando me olham nĂŁo posso ser?
Qual a minha arte que me revela?
NĂŁo tem saĂda.
Qual a arte de nĂŁo ser mulher vencida?
Qual a arte de ser mulher presa na dor de ser
mulher?
Qual a arte que me liberta para ser mulher que
respira?
Qual a arte que me dĂĄ voz para dizer o que Ă© ser
mulher?
Eu nĂŁo sei,
Eu nĂŁo sei o que Ă© ser mulher.
Nem mesmo quero deixar de ser
Eu sĂł quero ser a arte que nos faz mulher amada.
-LuĂsa Monte Real
Me Inundei de VocĂȘ e Odiei
Eu te
odeio. Eu te odeio porque me sinto menor sem vocĂȘ. Eu te odeio porque nĂŁo quero
que faça sentido nĂŁo ter vocĂȘ. Eu te odeio porque me sinto impotente. Eu te
odeio porque permiti me inundar com seu vazio. Eu te odeio porque mesmo
encontrando o nada, eu construi alguma coisa. Eu te odeio porque te carreguei.
Eu te odeio porque acredito que a gente escolhe como lidar com a situação e tem
dias que eu sĂł sei doer. Eu te odeio porque eu estou cansada. Eu te odeio
porque a cada dois passos que eu dou para frente, eu volto um atrĂĄs. Eu te
odeio porque sinto sua falta. Sinto falta de todos os milhares de filmes e
séries que a gente via juntos, e por que raios isso era tão especial pra mim?
Sinto falta de compartilhar minha vida com vocĂȘ. Falar toda hora sobre nada e
tudo. Te encher o saco e me sentir amada, acolhida. Eu te odeio porque sinto
falta de todas essas coisas, mas nĂŁo acho que vocĂȘ mereça. NĂŁo mais. NĂŁo hoje.
NĂŁo depois da forma que me atacou com uma flecha bem na ferida me fazendo cair
de uma forma que nem lembrava se caia de baixo ou de cima. NĂŁo depois de
enxergar que vocĂȘ nĂŁo tem mais nada a me acrescentar alĂ©m de dor de cabeça. E
eu entro em surto. Porque sinto sua falta, mas se penso em vocĂȘ aqui, comigo
agora, só consigo imaginar uma coisa: discussão, decepção, cansaço da sua
imaturidade, do seu vazio, da sua alma perdida. Ă porque na real, eu sinto
falta da pessoa que vocĂȘ era antes de me perder. Mas aquela pessoa nĂŁo volta
mais e eu preciso que alguém me diga isso. Aquela pessoa não existe mais.
Aquela pessoa estĂĄ por aĂ se perdendo e sendo escondida como vocĂȘ sempre fez
consigo mesmo. Ă porque eu nĂŁo consigo te perdoar em como tudo estava sendo tĂŁo
leve, no esforço que fiz para que fosse saudĂĄvel, e vocĂȘ teve que virar esse
monstro e me engolir numa dor de ego desesperado.
E eu
odeio que eu tive nojo de vocĂȘ, eu odeio que eu tive desprezo por vocĂȘ. Eu
odeio o quanto vocĂȘ foi fraco. Eu odeio o tanto de esforço que vocĂȘ fazia para
provar a mim o prĂncipe que vocĂȘ se tornara, como se eu tivesse que te aplaudir
ou dar nota 10 depois de um ensinamento que te dei. Eu odeio que vocĂȘ falou que
vai lutar por ela como eu lutei por vocĂȘ, querendo mostrar que vai acertar
dessa vez, sĂł que do seu jeito, esse jeito razo bem mais ou menos, porque
"queremos coisas diferentes" e vocĂȘ nĂŁo tem tempo. Eu odeio que vocĂȘ
tava tão preocupado com a minha aprovação que nem ao menos percebia que
vomitava dentro da minha boca um mar de podridĂŁo que descia arranhando e
intoxicando tudo. Eu odeio ser seu porto seguro quando nem mais pier eu tenho.
Eu odeio seu orgulho que vocĂȘ sabe, nĂŁo se sustenta comigo e vocĂȘ desaba.
Meu
amor, e vocĂȘ veio cheio de si, e vocĂȘ veio cheio de orgulho pronto para ganhar
o trofĂ©u. E eu te dei uma rasteira para voltar para realidade e vocĂȘ ainda teve
a coragem de desabar em mim?! Eu odeio que vocĂȘ nĂŁo se calou e nĂŁo foi embora.
Odeio que vocĂȘ se despedaçou, se despiu sem que eu quisesse ver. Eu odeio que
vocĂȘ provocou, nĂŁo aguentou o troco e ainda achou que tinha o direito de
derramar seu sangue sobre o meu. E agora eu odeio que no meu sangue escorre o
teu e eu nĂŁo sei mais identificar a dor que Ă© minha ou sua. Eu odeio que a sua
dor agora queima toda vez que meu coração bombeia. E eu odeio que as coisas
mais bonitas que senti foram por vocĂȘ. Odeio achar que ainda Ă© o mais bonito e
com sentido em mim, enquanto parte de mim diz que para vocĂȘ nem Ă© mais e talvez
nunca nem foi. E eu racionalmente, me acho tĂŁo mais merecedora, mais especial
do que vocĂȘ sĂł para fingir que, na verdade, nĂŁo sinto o oposto, e que nĂŁo te
coloco num encantamento. NĂŁo deveria, mas me sinto traĂda por mim mesma. Mas
odeio mais ainda que parte de mim te entende e te respeita. Parte de mim Ă©
humilde, te permite e quer ver vocĂȘ crescer, parte de mim te ama como irmĂŁ
desde sempre e reconhece que te ama, mas que vocĂȘ nĂŁo Ă© merecedor de meus
desejos e de minhas fantasias mais profundas, apesar de ainda sentir e me
culpar friamente por isso. E eu odeio como me sinto o pó sem ter alguém que nem
se quer faz questĂŁo de ter alguma relevĂąncia na prĂłpria vida. Mas tudo o que eu
odeio Ă© porque amo. O que odeio Ă© amar essa coisa masoquista de te gostar. -
LuĂsa Monte Real
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